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A China ficou famosa por suas longas jornadas de trabalho; a solução foi botar os funcionários para fora no horário marcado

As jornadas de trabalho na China seguiam a "cultura 996": das nove da manhã às nove da noite, seis dias por semana, mas algumas empresas estão tomando medidas drásticas para mudar isso

China está fazendo o possível para que seus cidadãos trabalhem menos / Imagem: Unsplash (Duc Dao)
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

A redução da jornada de trabalho parece ser um caminho sem volta que muitos países decidiram seguir. Até mesmo nações cuja dedicação ao trabalho parecia inabalável estão surpreendendo o mundo com medidas de redução da jornada. A China é um desses países que, inesperadamente, decidiu cortar suas horas de trabalho.

A cultura laboral 996

Enquanto em grande parte do Ocidente a jornada de oito horas já começa a ser vista como um vestígio do século passado, na China ainda prevalece a cultura 996: trabalhar das nove da manhã às nove da noite, seis dias por semana.

Como relatado pela Ethic, esse ritmo de trabalho está levando a sociedade chinesa ao extremo, derrubando a taxa de natalidade em um país que, por anos, enfrentou o problema oposto. As autoridades chinesas vêm tentando eliminar a cultura do 996 do ambiente de trabalho há anos, mas sem muito sucesso.

De acordo com o veículo SCMP, desde o final de fevereiro, algo muito curioso vem acontecendo na DJI, a fabricante chinesa de drones. Quando o relógio marca exatamente nove da noite, um esquadrão de responsáveis pelos recursos humanos percorre a sede da empresa em Shenzhen.

Sua missão é garantir que todos os funcionários, sem exceção, deixem seus postos de trabalho e voltem para casa, como se fosse um exercício de evacuação em caso de incêndio. No entanto, em vez de evacuar o prédio por segurança, os funcionários são "convidados" a abandonar seus cubículos para cumprir uma nova regra: ninguém pode ficar trabalhando além de sua jornada.

A culpa é do "neijuan"

Não, neijuan não é o nome do chefe de recursos humanos da empresa. O termo poderia ser traduzido como "involução" e, como explica o SCMP, refere-se à necessidade de reduzir o excesso de competição em determinados setores da economia.

A medida foi imposta como parte de uma nova política econômica da China, que busca reduzir o excesso de concorrência em setores como tecnologia e energias renováveis. O objetivo é evitar que as empresas invistam recursos desnecessários sem obter melhorias significativas na rentabilidade ou em pesquisa e desenvolvimento. Isso acaba exaurindo os trabalhadores sem gerar avanços concretos, resultando em uma concorrência ineficiente.

É algo inédito na China. Até pouco tempo atrás, era comum ver os escritórios da DJI iluminados até altas horas da madrugada, com funcionários estendendo suas jornadas indefinidamente.

Agora, a imagem é bem diferente, o que surpreendeu muitos e gerou uma onda de comentários nas redes sociais. O veículo asiático destacou a publicação de um funcionário espantado com a nova regra, que comentou: "foi a primeira vez que me expulsaram do escritório".

Outros gigantes tecnológicos estão aderindo

Embora a cultura de trabalho 996 tenha o apoio de nomes de peso da indústria chinesa, como Jack Ma, um número crescente de empresas internacionais, como Haier e Midea, está respondendo ao chamado do governo chinês para limitar a carga horária de seus funcionários.

Segundo fontes do SCMP, a Haier teria ordenado que todo o pessoal de sua sede respeite os dois dias de descanso no fim de semana, enquanto a Midea começou a exigir que os funcionários registrem sua saída às 18h20, em vez das 21h.

Imagem | Unsplash (Duc Dao)

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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