Joe Biden já deixou a Casa Branca, mas antes de sair, garantiu que sua administração desferisse o máximo de golpes possíveis contra a China.
No início de dezembro de 2024, sua equipe aprovou o maior pacote de sanções contra empresas chinesas até o momento. Nesta semana, vimos companhias como a Tencent e a CATL serem adicionadas à lista de "empresas militares chinesas" pelos Estados Unidos.
Diante das sanções, o governo chinês não ficou de braços cruzados e orquestrou um contra-ataque estratégico para atingir os EUA onde mais dói: nas exportações de minerais essenciais para setores de alta tecnologia, como semicondutores, carros elétricos e energias renováveis.
Foi uma verdadeira retaliação: "se vocês colocam mais 140 empresas na lista negra, nós paramos de vender gálio, germânio e antimônio".
Essa resposta obrigou os EUA a reagirem rapidamente, e a consequência já está em curso: em um movimento raro no país, o governo autorizou a reabertura de uma mina de antimônio em Idaho, que teve um papel crucial durante a Segunda Guerra Mundial, mas estava fechada desde 1996.
Uma antiga mina de ouro esconde algo ainda mais valioso: antimônio
Os minerais e metais de terras raras vêm sendo usados como arma geopolítica há meses. A cada nova sanção imposta pelos Estados Unidos contra a China, o gigante asiático responde restringindo a exportação de elementos críticos para setores-chave da tecnologia.
As terras raras são essenciais para o desenvolvimento de inúmeras tecnologias e dispositivos. Embora Europa, EUA e Japão busquem reduzir sua dependência, a China ainda tem o controle da situação – e dita as regras do jogo.
Já sabendo que novas sanções seriam impostas, em setembro do ano passado, foi enviado um borrador ao governo dos EUA solicitando a reabertura de uma das maiores minas de ouro, prata e antimônio do país.
Assim como muitas outras nações, os Estados Unidos reduziram a exploração de seus próprios recursos naturais, preferindo comprá-los de terceiros. Essa estratégia permitiu:
- Garantir o acesso aos materiais necessários,
- Transferir os impactos ambientais para outros países,
- Reduzir custos, já que a mão de obra estrangeira é mais barata.
Porém, com a China restringindo exportações, o debate sobre autossuficiência voltou à mesa. E no caso da mina de Idaho, apesar de preocupações ambientais e da oposição da tribo indígena Nez Perce, o governo aprovou sua reabertura.
Segundo a Reuters, um relatório de 154 páginas do Serviço Florestal afirma que a decisão foi tomada considerando todos os impactos ambientais. No entanto, a tribo mantém dúvidas sobre os efeitos na população de salmões da região.
Uma mina estratégica para a economia e a tecnologia dos EUA
O que está claro é que a mina, de propriedade da empresa Perpetua e apoiada pelo bilionário John Paulson, será um impulso significativo para a economia americana e sua indústria tecnológica.
As estimativas indicam que ela poderá produzir 450.000 onças de ouro por ano, um valor que ajudará a financiar as operações da mina. Mas o verdadeiro prêmio é outro: o antimônio.
O verdadeiro objetivo: independência no fornecimento de antimônio
O grande trunfo da mina é sua capacidade de suprir 35% da demanda anual de antimônio dos Estados Unidos sozinha.
A Perpetua afirma que o projeto deve gerar mais de US$ 1 bilhão em investimentos locais e criar 550 empregos na zona rural de Idaho quando atingir capacidade máxima de operação em 2028.
Atualmente, a China domina o mercado global de antimônio, produzindo 48% do suprimento mundial. Caso a mina americana seja realmente explorada e modernizada, os EUA ganharão um fôlego importante para sua indústria – especialmente porque o antimônio é um metal crítico para a fabricação de semicondutores, baterias para energias renováveis e, acima de tudo, para um setor de interesse estratégico para os EUA: a indústria militar, usada na produção de munições
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