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Arqueólogos descobriram que os primeiros europeus compartilhavam gostos com zumbis: eles comiam os cérebros de seus inimigos

Evidência dessa prática está se acumulando, a última delas encontrada numa caverna na Polônia

Imagem | IPHES-CERCA
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Há evidências crescentes de que nossos ancestrais recorreram, pelo menos ocasionalmente, ao canibalismo. Não estamos falando neste caso de outras espécies humanas, como os neandertais, que podem tê-lo praticado dezenas ou centenas de milhares de anos atrás, mas também do Homo sapiens, que já havia se tornado o único humano em todo o mundo.

Novas evidências

Um estudo recente liderado por pesquisadores do Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social (IPHES-CERCA) mostrou novas indicações de canibalismo entre humanos. Eles os encontraram no sítio polonês da Caverna Maszycka, cujos restos datam de cerca de 18 mil anos.

Europa no Magdaleniano

Isso coloca a descoberta no contexto do período Magdaleniano na Europa. Este período, que deve seu nome ao sítio francês de La Madeleine, abrange vários assentamentos europeus entre 19 mil e 14 mil anos, explicam em um artigo para o The Conversation: Francesc Marginedas Miró, Antonio Rodriguez-Hidalgo e Palmira Saladié Ballesté, pesquisadores do IPHES-CERCA e do CSIC.

O período segue uma era de grandes mudanças na Europa, decorrentes principalmente do fim da última era glacial. O recuo do gelo deixou para trás um ambiente ideal para uma mudança nos ecossistemas e, com ele, a expansão para o norte dos humanos modernos.

Do enterro à mesa

Como a equipe explicou, o Magdaleniano, além de suas pinturas rupestres, também se destaca por seus cuidadosos ritos funerários, enterros "com cuidado e oferendas", pelo menos para alguns de seus mortos. Porque para outros o que os esperava era a pederneira das ferramentas com as quais foram desmembrados.

63 ossos

A nova análise estudou mais de cinquenta restos encontrados na caverna polonesa de Maszycka, localizada perto de Cracóvia. Eles pertenciam a meia dúzia de indivíduos, adultos e crianças. Os restos foram encontrados junto com restos de animais e muitos com sinais de terem sido manuseados. Apesar disso, a hipótese de que essa manipulação respondia a simples ritos funerários não havia sido descartada.

A nova análise incorporou novas técnicas de microscopia 3D ao estudo das marcas, o que tornou possível distinguir marcas causadas por humanos de outras, como aquelas que teriam sido causadas por outros carnívoros. "A localização e a frequência das marcas de corte e a fratura intencional do esqueleto mostram claramente uma exploração nutricional dos corpos, descartando a hipótese de um tratamento funerário sem consumo", acrescentou Marginedas em comunicado à imprensa.

Os detalhes do trabalho foram publicados num artigo no periódico Scientific Reports.

Para o núcleo

O estudo revelou outros detalhes que podem nos dar algumas pistas sobre o contexto em que esse consumo de carne humana ocorreu. Por exemplo, a equipe observa que os corpos foram processados ​​logo após a morte, evitando assim a degradação do tecido.

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