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O segredo dos pilotos de caça chineses é uma técnica muito particular da dinastia Song: o qigong

O que começou como uma prática de cura há centenas de anos se transformou em treinamento militar

Prática milenar do qigong ajuda os pilotos de caças chineses / Imagem: IToldYa
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

O jornal chinês South China Morning Post (SCMP) revelou um truque incomum de alguns pilotos militares do país. Segundo o periódico, em uma estância termal de Xingcheng, no nordeste da China, um grupo de 50 pilotos de elite da Força Aérea do Exército Popular de Libertação (EPL) pratica baduanjin, uma antiga forma ou variação do qigong que busca fortalecer o corpo por meio da canalização da energia vital, o qi.

Esses homens, com idades entre 23 e 48 anos, são os melhores pilotos de caça do país, muitos deles provenientes das esquadrilhas mais competitivas de aviões embarcados em porta-aviões.

O estudo

Um artigo publicado no Chinese Journal of Rehabilitation Medicine revelou que essa prática ancestral da dinastia Song, combinada com técnicas específicas de respiração, melhora significativamente o desenvolvimento muscular.

Na prática, os pilotos que treinam qigong apresentaram um aumento médio de 15% na espessura dos principais músculos, como os das costas e da cintura – fundamentais para resistir a longas sessões de voo e às intensas vibrações das aeronaves. Além disso, relataram redução nas dores no pescoço, na região lombar e nos ombros, problemas comuns entre pilotos antes do treinamento.

Preparação para o combate

Esses pilotos são treinados para operar alguns dos caças mais avançados do mundo, incluindo jatos furtivos e drones, em simulações de batalha que exigem resistência física excepcional.

Nesse sentido, o veículo destacou que a intensidade do treinamento diário desses pilotos já supera a de seus equivalentes norte-americanos, o que os coloca diante de desafios sem precedentes na preparação para guerras aéreas de alta tecnologia.

Baduanjin: uma tradição antiga

Com mais de 800 anos de história desde sua origem na dinastia Song, o baduanjin, também conhecido como “As Oito Peças do Brocado”, combina movimentos suaves com técnicas de respiração que promovem um fluxo harmonioso de energia, criando um equilíbrio entre o corpo e o ambiente.

Aparentemente, a prática não apenas fortalece fisicamente os pilotos, mas também melhora a concentração e o bem-estar geral, aspectos fundamentais na aviação militar moderna.

Origem de um modelo único

O qigong tem suas raízes na antiga China, remontando a mais de 4.000 anos. Inicialmente, foi desenvolvido como uma prática para a cura, a meditação e o fortalecimento do corpo, combinando movimentos leves, respiração controlada e foco mental.

Durante as dinastias Zhou e Han, o qigong começou a ser integrado à medicina tradicional chinesa e às filosofias taoísta e budista, evoluindo como uma ferramenta para alcançar “o equilíbrio entre o corpo e o universo”. Na dinastia Song (960-1279 d.C.), o baduanjin, uma variante específica do qigong, foi formalizado com foco na saúde física e na energia interna.

Com o tempo, o qigong se consolidou como uma prática multifacetada para melhorar a saúde, o bem-estar e a longevidade, sendo valorizado tanto em contextos espirituais quanto práticos. Hoje, como podemos ver, a China parece ter encontrado nessa técnica uma forma inovadora de fundir tradição e tecnologia, maximizando o desempenho de seus pilotos em um ambiente militar altamente competitivo.

Imagem | IToldYa

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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