Ano 1460. Francesco Sforza, duque de Milão, tomou uma decisão: precisava de uma residência real à altura de seu status. Com isso, tomou posse das ruínas de uma antiga fortaleza medieval no norte da Itália e, ao longo de vários anos, supervisionou sua reconstrução até transformá-la em uma imponente e majestosa residência.
Desde então, o Castelo Sforza carrega uma lenda: sob seus alicerces, Francesco teria planejado uma complexa rede secreta de passagens.
A solução para esse mistério estava em uma pintura de Leonardo Da Vinci.
Um esboço como mapa
Como dissemos, a grandiosa obra de Leonardo da Vinci continua revelando segredos séculos após sua criação. A descoberta mais recente: uma equipe de pesquisadores da Universidade Politécnica de Milão, em parceria com a Codevintec e o próprio castelo, confirmou que os rumores eram verdadeiros. Em outras palavras, há mesmo uma rede de túneis ocultos sob o Castelo Sforza, em Milão, e ela foi encontrada com base em um esboço do próprio Da Vinci, datado do século XV.
Os arqueólogos utilizaram tecnologia avançada para mapear o subsolo da estrutura, como radares de penetração no solo e escaneamento a laser. Com isso, não apenas confirmaram a existência dos túneis documentados por Da Vinci no chamado Codex Forster I, no final do século XV, como também encontraram indícios de um sistema subterrâneo ainda mais extenso.
História e função dos túneis
Como mencionamos no início, o Castelo Sforza foi reconstruído pelo duque Francesco Sforza, mas posteriormente foi embelezado por seu sucessor, Ludovico Sforza. Ele teria contratado Leonardo da Vinci para decorar partes do castelo, incluindo a Sala delle Asse, além de projetar um monumento equestre em homenagem a Francesco. Durante esse processo, Da Vinci registrou detalhadamente um sistema de túneis e passagens subterrâneas que, até agora, nunca haviam sido identificados fisicamente.
Acredita-se que essas estruturas tenham sido utilizadas principalmente para fins militares, mas também existiam passagens com propósitos mais pessoais e cerimoniais. Um dos túneis descobertos, por exemplo, conecta o castelo à Basílica de Santa Maria delle Grazie, onde está localizada a icônica pintura A Última Ceia, além dos túmulos da família Sforza.
Isso sugere que o túnel poderia ter servido como um acesso privado aos mausoléus da nobreza.
Além disso, historiadores levantam a hipótese de que Ludovico Sforza usava essa passagem para visitar o túmulo de sua esposa, Beatrice d’Este, enterrada na basílica.
Tecnologia e o futuro da pesquisa
A descoberta não apenas amplia a compreensão da arquitetura do castelo, mas também abre novas possibilidades para a reconstrução digital do local.
Com o objetivo de desenvolver um gêmeo digital do Castelo Sforza, os pesquisadores planejam integrar tecnologia de realidade aumentada, permitindo que os visitantes explorem virtualmente esses espaços inacessíveis e descubram detalhes históricos até então desconhecidos.
"O objetivo é criar um modelo digital que não apenas represente a aparência atual do castelo, mas também permita explorar o passado, recuperando elementos históricos que já não são visíveis", explicou Franco Guzzetti, professor do Politécnico de Milão, em um comunicado.
E tudo isso graças ao gênio de Da Vinci.
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