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Um japonês começou a devorar gyudons em 2019; ele nunca mais comeu mais nada e sua saúde já é a melhor propaganda do prato

O que começou com uma promoção para ganhar um Nintendo Switch se transformou em um estilo de vida

Homem vive de gyudon há mais de cinco anos / Imagem: Manarisu
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Em agosto do ano passado, houve um sinal que indicava que algo não estava bem na economia do Japão: o custo de cozinhar seu principal prato nunca havia sido tão alto. Tratava-se do donburi, o arroz com curry e suas variações nipônicas, o prato icônico preparado em grande escala no país. Foi precisamente por isso que a história que vamos contar se tornou tão popular no Japão. Um homem entrou em um restaurante de donburis para pedir um prato e, desde então, não parou de comer.

Primeiro, foi o Gyudon

Para ser mais exato na história, o homem que se tornou tão popular no país entrou na loja para pedir um gyudon, um prato emblemático da culinária japonesa que se destaca tanto pelo sabor quanto pela acessibilidade e simbolismo cultural. Composto por carne de boi cozida com cebola em uma mistura de molho de soja, açúcar e mirin, servido sobre arroz branco, o gyudon é uma comida econômica, nutritiva e fácil de preparar, o que o torna uma opção popular para pessoas de todas as idades.

Sua importância não está apenas na conveniência, mas também na capacidade de se adaptar ao estilo de vida moderno, oferecendo uma alternativa rápida e aparentemente equilibrada em relação a outras opções menos saudáveis. Além disso, o gyudon reflete a simplicidade e harmonia dos sabores que caracterizam a gastronomia japonesa, consolidando-se como um prato reconfortante e representativo.

Quero um Gyudon

Assim chegamos àquela manhã de 2019. Manarisu, um japonês de 31 anos, entrou e pediu um prato da receita tradicional, e desde então não parou de comer diariamente no mesmo estabelecimento, chamado de Sukiya, uma popular cadeia de restaurantes de gyudon.

Inicialmente, ele fez isso para aproveitar uma promoção que lhe permitia ganhar um Nintendo Switch. No entanto, o que começou como estratégia pontual se transformou em uma tradição que já dura mais de cinco anos e mais de 1.800 dias. Ele não apenas se "consolidou" como cliente habitual, mas também se tornou embaixador oficial da Mercari, a plataforma por trás da promoção, e da própria receita nacional e seus valores culinários.

Variedade e o prato favorito

O fato é que, embora a Sukiya seja conhecida pelo seu gyudon, ela também oferece uma ampla variedade de pratos, desde curry até sukiyaki e opções de temporada como unagi (enguia). De fato, as variedades de donburis ajudaram Manarisu a evitar o tédio, embora ele admita aos meios de comunicação que às vezes se cansa do arroz. Sua escolha favorita: o maguro tataki (atum cru picado), que ele descreve como "fresco e delicioso".

E a saúde?

E aqui chegamos à grande questão: isso é bom para o organismo? Ao contrário do que se poderia pensar, a dieta diária no Sukiya não prejudicou sua saúde, e sim o contrário. O homem contou que, durante os primeiros três anos, até chegou a perder peso graças à combinação do menu com uma rotina de exercícios.

Ele comprovou mostrando seus exames médicos, nos quais não aparecem resultados anormais. Aparentemente, ele ganhou 10 quilos após quatro anos, mas atribui o aumento mais a um período de consumo regular (e um pouco excessivo) de álcool do que às refeições na Sukiya. De fato, Manarisu tem documentado suas refeições nas redes sociais, gerando longas cadeias de publicações e atraindo mais e mais atenção por sua constância.

O estudo da comida nacional

O fato é que o caso de Manarisu destaca como uma dieta baseada em gyudon, normalmente sem alimentos fritos e com porções misturadas com vegetais, pode ser mais saudável do que outras opções de fast food. Além disso, ele lembra um estudo realizado há alguns anos, no qual os participantes comeram um prato de carne do restaurante Yoshinoya todos os dias durante três meses.

Na época, a Yoshinoya, cadeia líder de gyudon no Japão, fez um estudo em colaboração com a Universidade Doshisha para avaliar os efeitos de consumir seu popular prato de carne e arroz diariamente por três meses. Participaram 24 pessoas, homens e mulheres, que comeram uma porção diária do gyudon congelado de Yoshinoya, sem alterar seu estilo de vida, dieta ou nível de exercício.

Os resultados

Após três meses, os pesquisadores não encontraram mudanças significativas no peso, percentual de gordura corporal, pressão arterial, níveis de açúcar no sangue, colesterol ou triglicerídeos dos participantes em comparação com seus dados iniciais.

Como os pesquisadores destacaram na época, o gyudon (no caso, da Yoshinoya) é um prato relativamente equilibrado, que inclui cebola e outros vegetais, oferecendo uma pequena e básica porção de vegetais, e não contém alimentos fritos. Além disso, o tamanho padrão de uma porção é de 135 gramas, o que limita seu impacto calórico.

Um prato e um herói nacional

A história de Manarisu ficou popular porque exaltou um pouco mais o valor de um prato nacional. O estudo de alguns anos atrás sugeria que consumir gyudon diariamente, em porções moderadas, não teria impacto negativo na saúde.

No entanto, os mais de três anos de consumo diário de Manarisu são a melhor prova de que, ao menos no caso dele, é uma dieta relativamente saudável, ou mais saudável do que outras opções de fast food. Sem planos de parar, o herói sem capa diz que pretende alcançar os simbólicos 2.000 dias consecutivos comendo no Sukiya em 2025, consolidando-se como um exemplo de compromisso único esse estilo de vida gastronômico pouco convencional.

Imagem | Manarisu

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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