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Padrão USB-C prometia resolver problemas de compatibilidade; mas parece que não adiantou

  • Unificar todos os conectores em um só era uma boa ideia para mitigar o problema dos resíduos eletrônicos

  • A grande quantidade de padrões que o utilizam gerou confusão com cabos e especificações de cada um deles

Diferentes usos do USB-C são problema na Europa
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

É ótimo que um carregador USB-C seja capaz de fornecer 30W para carregar o celular. O problema está em como é difícil ter certeza de que estamos usando o cabo adequado para esse processo de carregamento. O mesmo acontece ao tentar conectar um dispositivo a um monitor: será que realmente posso usar como espero?

O conector USB-C se tornou o padrão universal de conexão para os dispositivos na Europa com a lei que passou a vigorar em 2024. A União Europeia obrigou sua adoção para carregar celulares, tablets, fones de ouvido e outros dispositivos, e até a Apple acabou cedendo e abandonando o tradicional conector Lightning de seus aparelhos. No Brasil, a Anatel já estudou medida semelhante e a padronização no USB-C já virou projeto de lei, ainda não votado.

Muitos conectores em um só

O padrão USB evoluiu muito ao longo dos anos e, por bastante tempo, vimos diferentes tipos de conectores que atendiam a diferentes especificações e funcionalidades. O USB-C apresentou a proposta de unificá-los, mas, ao fazer isso, também eliminou algo característico de cada variante USB: os diferentes formatos e até mesmo cores que permitiam diferenciá-los. Antes, era possível ter uma ideia das funcionalidades esperadas de um conector ou cabo apenas olhando para ele; agora, isso já não é possível.

Tudo é USB-C agora

Não são só as diferentes versões do padrão USB que utilizam esses conectores USB-C — outros padrões de transmissão de energia, dados ou vídeo também adotaram o formato, complicando ainda mais o cenário. Hoje, já podemos conectar monitores DisplayPort, HDMI ou Thunderbolt usando cabos com conectores USB-C. O padrão Thunderbolt 5, anunciado em setembro de 2023, também utiliza esse conector.

Diferentes usos do USB-C são problema na Europa

O surgimento do Thunderbolt 5 demonstra que há uma solução para identificar cabos e conectores. Os cabos Thunderbolt começaram a usar uma capa (a parte plástica que recobre o conector de metal) que, além do logotipo do Thunderbolt, exibe um número indicando qual versão do padrão o cabo suporta. Aos poucos, isso também está começando a acontecer com cabos USB, cujas capas, por exemplo, mostram tanto a velocidade máxima de transmissão de dados quanto a capacidade de carga. Nem todos os fabricantes seguem essa prática, mas certamente seria o ideal.

Alguns conectores USB-C em nossos dispositivos exibem símbolos que ajudam a reconhecê-los, mas isso nem sempre acontece, o que pode gerar ainda mais confusão. Em notebooks europeus, por exemplo, é comum haver várias portas USB-C, mas apenas uma delas ser usada para carregar o aparelho. Mais uma vez, o ideal seria que, diante da variedade de opções, cada conector tivesse uma identificação clara para que soubéssemos até que ponto podemos aproveitá-lo.

A USB-IF recomenda, mas não impõe

Esse órgão, responsável por certificar cabos na Europa, vem tentando oferecer uma solução para o problema há algum tempo. Sua recomendação é que os cabos incluam uma etiqueta identificadora e, embora existam documentos que detalham essas etiquetas, elas parecem ter sido pouco adotadas pela indústria.

E é aí que os reguladores deveriam intervir. A mesma União Europeia que agiu de forma decisiva ao impor o conector USB-C deveria agora atuar para garantir que cabos e conectores sejam sempre identificados de forma clara. Essa é a única opção diante do enorme número de padrões e protocolos que acabam utilizando o conector USB-C.

Imagem | Lucian Alexe

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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