As empresas chinesas dedicadas à inteligência artificial (IA) já contam com uma ampla gama de GPUs projetadas e fabricadas na China. A Huawei é a companhia mais bem posicionada graças à sua família de chips Ascend 910, mas, no país liderado por Xi Jinping, há muitas outras empresas especializadas na produção de hardware para IA que também têm grande potencial. MetaX, Biren Technology, Moore Threads, Innosilicon, Zhaoxin, Iluvatar CoreX, DenglinAI e Vast AI Tech estão entre as mais importantes.
"A China está investindo recursos massivos no lançamento de startups especializadas no desenvolvimento de GPUs. Não as subestimem". Esse alerta foi dirigido ao governo dos EUA e veio de alguém que sabe bem do que está falando: Jensen Huang. O diretor-geral da NVIDIA fez essa declaração no ano passado, durante a Computex, e é evidente que sua intenção era alertar a administração norte-americana sobre as consequências das sanções que buscam frear o avanço tecnológico da China.
O hardware já não é o problema; o problema é o CUDA
Li Guojie, um cientista da computação da Academia Chinesa de Ciências considerado uma autoridade no país, confirmou o que acabamos de ver: as GPUs chinesas mais avançadas para IA, como os chips Ascend 910 da Huawei mencionados acima, são comparáveis às soluções atuais da NVIDIA em termos de capacidade de processamento. No entanto, a verdadeira força da NVIDIA não está no hardware, mas sim em seu ecossistema CUDA (Compute Unified Device Architecture).
A maior parte dos projetos de IA que estão sendo desenvolvidos atualmente é implementada sobre CUDA. Essa tecnologia reúne o compilador e as ferramentas de desenvolvimento utilizadas por programadores para criar software para as GPUs da NVIDIA. Portanto, substituí-la por outra opção em projetos já em andamento representa um problema. A Huawei, que busca conquistar uma fatia importante desse mercado na China, tem o CANN (Compute Architecture for Neural Networks), sua alternativa ao CUDA, mas, por enquanto, o CUDA domina o mercado.
O mais surpreendente é que não são apenas as empresas chinesas que desejam se desvincular desse software: toda a indústria de IA quer superar o CUDA. Pelo menos foi isso o que afirmou Pat Gelsinger, ex-diretor executivo da Intel. Em dezembro de 2023, o executivo foi direto ao ponto ao explicar a posição oficial da empresa no contexto do setor de IA: “Toda a indústria está decidida a eliminar o CUDA do mercado [...] Vemos isso como um fosso pequeno e raso [...]”, declarou Gelsinger durante o evento “AI Everywhere”, realizado em Nova York.
Segundo Li Guojie, “A China precisa desenvolver um sistema alternativo para alcançar a autossuficiência em IA [...] O DeepSeek teve impacto no ecossistema CUDA, mas ainda não o superou completamente porque persistem barreiras. A longo prazo, precisamos estabelecer um conjunto de ferramentas de software para IA que seja controlável e supere o CUDA”. Esse é, sem dúvida, um dos grandes desafios que a China enfrenta nesse campo. Talvez o CANN consiga, aos poucos, ganhar espaço e se impor, mas, enquanto o CUDA continuar existindo, o desenvolvimento da IA na China seguirá, em certa medida, dependente dos Estados Unidos.
Imagem: Moore Threads
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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