Tendências do dia

Redes ‘impuras’ dão lugar a novo 5G puro no Brasil

  • 5G puro permite conexões de menor latência e maior velocidade em rede dedicada

  • Meta da Anatel é implementar a nova rede em todos os municípios com mais de 30 mil habitantes até 2029

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
pedro-mota

PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Cidades brasileiras começaram a receber oficialmente redes de 5G standalone, também chamado de “5G puro” desde o início de dezembro de 2024. A rede é diferente do 5G que já funcionava no país desde 2022, o 5G DSS, ou “impuro”.

A grande diferença entre os dois tipos de rede é a faixa de frequência. O 5G DSS permite que as operadoras ofereçam conexão à quinta geração de redes móveis a partir de frequências já existentes de 4G, 3G e 2G, mas com uma velocidade maior. Já o 5G puro, tem uma frequência dedicada exclusiva para as redes da nova geração, o que permite que essa velocidade seja ainda maior.

O que é o 5G impuro?

Chamado oficialmente de 5G DSS (de Dynamic Spectrum Sharing, ou Compartilhamento Dinâmico de Espectro, em português), o 5G impuro utiliza a infraestrutura de redes das gerações anteriores para garantir o acesso à internet móvel de alta velocidade. Justamente pela facilidade tecnológica, o 5G DSS foi o primeiro tipo de 5G disponível no Brasil, pela Claro, em julho de 2020.

Na época, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ainda não havia aberto leilão para frequências exclusivas para o 5G. Esse fator foi um dos que contribuiu para a polêmica da ativação da rede. Somado a isso, o ex-ministro das telecomunicações, Fábio Faria, considerava que o padrão não podia ser entendido como 5G “de verdade”.

Apesar disso, as redes de 5G impuro são consideradas de quinta geração pela 3GPP (3rd Generation Partnership Project), organização que padroniza as especificações de redes móveis em todo o mundo.

Por que o Brasil utilizava o 5G impuro?

Nós procuramos a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para entender o caminho da implementação dos dois tipos de 5G no Brasil. Eles explicaram que as operadoras de telefonia móvel no Brasil passaram a oferecer o serviço a partir das redes já instaladas de 4G e 3G, iniciando a preparação para a evolução do 5G, antes mesmo da disponibilização das frequências dedicadas exclusivamente à quinta geração.

“As prestadoras podem ativar estações com o 5G nas diversas faixas de frequências que possuam autorização. Entretanto, nessa situação o 5G pode ser de outra versão, não necessariamente aquela obrigatória para a faixa de 3,5 GHz, o chamado "5G puro" ou tecnicamente "5G Stand Alone (5G SA)". A faixa de 3,5 GHz, portanto, é a que permite o desenvolvimento das novas aplicações como as verticais da indústria 4.0, telemedicina, educação, cidades inteligentes, automóveis autônomos e outros”, afirmou a Anatel por meio de sua assessoria de imprensa.


O2a0556 Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Vantagens do 5G puro

A Anatel destaca que, apesar da implementação “preliminar” nas redes de 4G e 3G, a potencialidade máxima do 5G só ocorreu a partir da liberação para uso na faixa de 3,5 GHz. Isso porque nesta faixa foram licitados blocos de radiofrequências com maior largura de banda (até 100 MHz) em relação às faixas anteriores. Diferente da rede mista, o novo 5G usa apenas antenas dedicadas, ou seja, tem uma estrutura criada exclusivamente para esse tipo de transmissão.

“O 5G SA é uma rede completamente nova, independente do 4G, que, além da melhoria na velocidade da banda larga, atende aos conceitos de URLLC (do inglês Ultra Reliable Low Latency), que possibilita aplicações como cirurgia a distância e carros autônomos, e mMTC (do inglês massive Machine Type Comunication), que permite aplicações como internet das coisas e cidades inteligentes”, explica a Anatel.

No 5G puro, as taxas de pico podem ser até 20 vezes superiores às outras redes, com uma velocidade que pode chegar a 10 vezes superior. O verdadeiro diferencial, no entanto, é o baixo tempo de latência, que fica em torno de 1 e 5 milissegundos.

De acordo com dados da consultoria Ookla, obtidos em razão de Acordo de Cooperação Técnica firmado pela Anatel com a empresa, a velocidade média de download do 5G no Brasil está em torno de 450 Mbps, mostrando-se consistente mesmo com a implantação do 5G em diversos novos municípios:

Outro fato relevante é que a entrada em operação do 5G no Brasil em 2022 fez o Brasil subir da 80ª para a 45ª posição no ranking de velocidade de download considerando todas as tecnologias (3G, 4G e 5G). O aumento da penetração do 5G entre os consumidores, nos anos de 2023 e 2024, contribuiu para uma melhora constante na velocidade de download:

Onde o 5G puro está ativo?

Hoje, cerca de 35 milhões de usuários de 770 cidades já têm acesso à rede de 5G puro no Brasil. O número é equivalente a cerca de 13% dos 262 milhões de celulares em uso no país. Segundo as regras do edital do leilão do 5G, as operadoras precisam garantir a presença da rede em todos os municípios brasileiros com mais de 30 mil habitantes até 31 de julho de 2029.

Mapa Anate Mapa mostra municípios onde 5G puro está ativo no Brasil | Fonte: Anatel

Segundo a Anatel, os compromissos para a implementação do 5G em 1.174 municípios com população de mais de 30 mil habitantes têm prazos diferentes para cada região. São eles:

  • Até 31/07/2022: atender as capitais dos estados e o Distrito Federal (no mínimo 1 antena para cada 100 mil habitantes);
  • Até 31/07/2023: ampliar a quantidade de antenas nas capitais dos estados e no Distrito Federal (no mínimo 1 antena para cada 50 mil habitantes);
  • Até 31/07/2024: ampliar a quantidade de antenas nas capitais dos estados e no Distrito Federal (no mínimo 1 antena para cada 30 mil habitantes);
  • Até 31/07/2025: ampliar a quantidade de antenas nas capitais dos estados e no Distrito Federal e atender os municípios com população igual ou superior a 500 mil habitantes (no mínimo 1 antena para cada 10 mil habitantes);
  • Até 31/07/2026: atender os municípios com população igual ou superior a 200 mil habitantes (no mínimo 1 antena para cada 15 mil habitantes);
  • Até 31/07/2027: atender os municípios com população igual ou superior a 100 mil habitantes (no mínimo 1 antena para cada 15 mil habitantes);
  • Até 31/07/2028: atender 50% dos municípios com população igual ou superior a 30 mil habitantes (no mínimo 1 antena para cada 15 mil habitantes);
  • Até 31/07/2029: atender 100% dos municípios com população igual ou superior a 30 mil habitantes (no mínimo 1 antena para cada 15 mil habitantes);

Para 4.396 municípios com população inferior a 30 mil habitantes, a agenda é a seguinte:

  • Até 31/12/2026: atender pelo menos 30% dos municípios com população inferior a 30 mil habitantes;
  • Até 31/12/2027: atender pelo menos 60% dos municípios com população inferior a 30 mil habitantes;
  • Até 31/12/2028: atender pelo menos 90% dos municípios com população inferior a 30 mil habitantes;
  • Até 31/12/2029: atender 100% dos municípios com população inferior a 30 mil habitantes;

Além disso, a Anatel ainda tem em andamento plano que inclui:

  • atender 1.700 localidades não sede com 5G até 31/12/2030;
  • atender 6.805 localidades com tecnologia 4G ou superior até 31/12/2028;
  • atender 2.349 trechos de rodovia com 4G, totalizando 35.784 Km, até 31/12/2029;
  • implantar backhaul de fibra óptica em 530 sedes municipais, até 31/12/2026.
Inicio