Na década de 1980, o Reino Unido popularizou o termo Neet, sigla para "Not in Education, Employment or Training" (em tradução literal, "Não está na educação, no emprego ou em treinamento"). Esse conceito passou a ser utilizado para identificar jovens que não estão envolvidos em nenhuma atividade profissional ou educacional.
Com o tempo, o termo se expandiu por toda a União Europeia, trazendo à tona as vulnerabilidades dessa parcela da população.
No Brasil, essa mesma ideia deu origem ao termo "nem-nem", usado para se referir a quem "nem estuda, nem trabalha". Diferente da abordagem europeia, no entanto, a palavra é frequentemente usada de forma pejorativa, apontando aqueles que não ingressam no mercado de trabalho.
Enquanto outros países implementaram políticas para reverter esse cenário, o problema segue afetando a Geração Z, tornando-se um desafio global.
O impacto dos "Nem-nem" na Geração Z
De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma em cada cinco pessoas da Geração Z pertence ao grupo dos Nem-nem. O estudo revelou que 289 milhões de jovens em todo o mundo se encontram nessa situação.
Em 2005, 24,3% dos jovens não estudavam nem trabalhavam. Apesar de uma leve redução nos anos seguintes, o percentual voltou a crescer em 2012, chegando a 24,9% em 2020. No Brasil, a quantidade de jovens que não trabalhavam nem estudavam começou a ser acompanhada em 2012, e já na primeira pesquisa eram 21,8% dos jovens entre 15 e 29 anos de todo o país. Na última pesquisa divulgada no final de Dezembro de 2024 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o número diminuiu para 21,2%.
Retomada da economia empregou mais jovens
Uma das justificativas da diminuição dos "Nem-nem" apontada no relatório do IBGE é a retomada da economia depois da pandemia. O estudo aponta que o número de jovens desempregados e sem estudo aumenta nas crises econômicas, e em 2021 atingiu 40,2% da população entre 15 e 29 anos. Com a chegada da vacina e o fim do isolamento social, essa percentagem diminuiu para 34,1% em 2022, chegando a 28,7% em 2023.
O efeito das gerações anteriores
Nos anos 2000, os Millennials foram os mais afetados por essa realidade. O principal problema para essa geração foi a falta de vagas no mercado de trabalho, já que a demanda era muito maior que a oferta.
Agora, a Geração Z enfrenta novos desafios. Além das dificuldades econômicas, os jovens de hoje lidam com problemas crescentes de saúde mental, tornando essa crise ainda mais complexa.
A situação dos Nem-nem no Brasil
Para entender o fenômeno dos Nem-nem no Brasil, é essencial considerar o contexto do país. Só em 2012 foram realizados os primeiros censos focados nesse grupo. Os dados mostraram que, dos 48,5 milhões de jovens entre 15 e 24 anos, apenas 34,5% estavam matriculados na escola, somando os que trabalham e os desempregados.
Mulheres são maior parte dos "nem-nem"
De acordo com os dados do IBGE, as mulheres são maior parte dos "nem-nem". Ao todo, a pesquisa afirma que 3,5 milhões de homens (somando brancos, negros e pardos) estão desocupados. O número de mulheres que não estudam e não estão ocupadas é quase o dobro (6,5 milhões). Raça também é um fator influente, já que 3,1 milhões de pessoas brancas (homens e mulheres) não estudam e nem possuem uma ocupação, o número de negros na mesma condição é de 7 milhões.
Brasil em 2024: o quarto país com mais "Nem-nem" no mundo
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), estudou os jovens do mundo inteiro e apontou que muitos jovens brasileiros com idade entre 18 e 24 anos estão fora da escola e sem trabalho. Segundo o relatório da OCDE, o Brasil está em quinto na lista de maior porcentagem de jovens "nem-nem". Com 24%, o país fica atrás de África do Sul (48,8%), Turquia (31,1%), Costa Rica (27,9%), e Colômbia (27,3%). Nós também estamos bem acima da média da organização, que fica e. 13,7%
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