Em abril de 2019, foi revelada a primeira imagem de um buraco negro: tratava-se do M87, um objeto astronômico localizado na galáxia Messier 87, que é 6.500 vezes maior que o nosso Sol. A fotografia foi capturada pelo Telescópio Event Horizon (EHT, na sigla em inglês), uma rede global de radiotelescópios que, combinados, funcionam como um telescópio gigante do tamanho da Terra.
Agora, o M87 forneceu aos cientistas uma pista sobre a complexa dinâmica de seu jato de plasma, a qual não apenas confirma que o buraco negro gira, mas também valida as previsões da Teoria Geral da Relatividade de Albert Einstein. O estudo foi publicado na revista Nature.
Mais de 20 anos de pesquisa
A descoberta foi realizada em 2023 por uma equipe internacional liderada pelo doutor Yuzhu Cui. O Instituto de Astrofísica da Andaluzia também participou da pesquisa, analisando mais de duas décadas de dados coletados pelo EHT.
Os cientistas comprovaram que o jato de plasma que emerge do buraco negro se move para cima e para baixo em um ângulo de aproximadamente 10 graus. Esse movimento oscilatório é chamado de precessão e ocorre em ciclos de 11 anos.
Confirma a Teoria da Relatividade
Graças a essa descoberta, os cientistas confirmaram que o M87 gira, como prevê a Teoria da Relatividade Geral de Einstein. De acordo com essa teoria, um buraco negro em rotação não apenas curva o espaço-tempo ao seu redor, mas também influencia o disco de gás e matéria que o circunda.
Os pesquisadores acreditam que essa dinâmica se deve a um desalinhamento entre o eixo de rotação do buraco negro e o disco ao seu redor, o que gera um "balanço" que afeta o jato de plasma. Esses dados foram corroborados por simulações avançadas que ajudam a compreender esse movimento complexo.
Um mistério que continua evoluindo
Embora esse avanço esclareça parte do comportamento do M87, os pesquisadores admitem que ainda restam muitas perguntas sem resposta. Por exemplo, as características exatas do disco de acreção e a rotação do buraco negro não são totalmente conhecidas. Além disso, entender por que ocorre esse desalinhamento e sua relação com a dinâmica do jato ainda é um desafio.
Felizmente, a pesquisa não para. Os cientistas continuam analisando dados históricos e coletando novas observações que podem trazer mais surpresas. Este é apenas mais um capítulo na nossa busca por entender os buracos negros, esses colossos que desafiam nossa imaginação e as leis da física.
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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