Quando se fala em objetos voadores não identificados, é comum que os holofotes se voltem para os céus dos Estados Unidos, com histórias como a de Roswell ou vídeos captados por caças da Marinha. No entanto, para especialistas em inteligência aeroespacial, o verdadeiro epicentro desses fenômenos pode estar bem mais ao sul.
Para o americano Luis Elizondo, ex-diretor do programa secreto do Pentágono dedicado à investigação de ameaças aeroespaciais, não há dúvidas: “O Brasil é um celeiro de óvnis.”
A afirmação não é feita levianamente. Elizondo esteve por mais de uma década à frente do AATIP (Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais), e dedicou sua carreira a investigar casos de fenômenos anômalos. Segundo ele, existe vida inteligente fora da Terra — e há artefatos de origem não terrestre sob posse do governo dos Estados Unidos.
A insistência em manter essas informações em sigilo, segundo o ex-diretor, está enraizada em medos religiosos e no controle político. Mas ele defende que chegou a hora de a humanidade discutir abertamente esses fenômenos.
E, quando se trata de registros inexplicáveis, o Brasil aparece com destaque em seus dossiês.
Colares e a Operação Prato: um caso oficial de terror no Pará
O caso mais emblemático do Brasil ocorreu entre 1977 e 1978, na ilha de Colares, no Pará. Durante meses, moradores relataram aparições de luzes intensas no céu que, segundo testemunhos, disparavam feixes contra as pessoas, deixando marcas físicas, queimaduras e até feridas perfurantes. O fenômeno foi apelidado pela população de “chupa-chupa”, e causou pânico generalizado.
A situação levou a Força Aérea Brasileira a intervir por meio da Operação Prato, chefiada pelo coronel Uyrangê Hollanda. Milhares de páginas de documentos, fotografias e vídeos foram coletados, muitos dos quais ainda permanecem sob sigilo. Hollanda, anos depois, confessou em entrevistas que os militares não apenas registraram, mas presenciaram os fenômenos de perto.

Luis Elizondo destaca esse caso como um dos mais impressionantes de que teve conhecimento. “O Brasil precisa ser levado a sério quando falamos em UAPs [Unadentified Anomalous Phenomena, Fenômeno Anômalo Não-Identificado em tradução livre, termo técnico atual para OVNIs]. A intensidade e o volume dos registros aqui são únicos”, afirmou à revista VEJA.
Caso Varginha: o encontro que parou o Brasil em 1996
Em 20 de janeiro de 1996, a pacata cidade de Varginha, em Minas Gerais, entrou para a história da ufologia mundial. Três adolescentes — Liliane Silva, Valquíria Silva e Kátia Xavier — afirmaram ter visto uma criatura estranha em um terreno baldio. O ser, segundo elas, tinha pele marrom, olhos vermelhos e corpo agachado, aparentando estar ferido ou assustado. Rapidamente, a cidade mergulhou em um turbilhão de teorias, movimentação militar e cobertura da imprensa.
No mesmo dia e nos dias seguintes, relatos de testemunhas indicaram que militares do Exército e bombeiros teriam capturado pelo menos dois seres em pontos distintos da cidade.
Segundo o ufólogo Marco Antonio Petit, documentos e testemunhos indicam que uma das criaturas morreu e foi levada para o Instituto de Medicina Legal de Campinas (SP), enquanto a outra teria sido transportada viva.

Outro ponto-chave do caso envolve a suposta morte do soldado Marco Eli Chereze, de 23 anos, que teria participado da captura de uma das criaturas. Dias depois do ocorrido, ele morreu de forma súbita devido a uma infecção generalizada — algo que, para muitos pesquisadores do caso, levanta sérias dúvidas sobre a versão oficial.
Apesar das reiteradas negativas do Exército e da Força Aérea Brasileira, que alegaram confusão com "um cidadão com deficiência mental e muito sujo" e com "um casal de anões em um carro", o caso permanece envolto em mistério e segue sendo investigado por ufólogos do Brasil e do exterior.
O Caso Varginha ganhou livros, documentários e até filmes, sendo considerado o “Roswell brasileiro”. Em 2022, ele foi tema de um documentário internacional da Netflix chamado Moment of Contact, dirigido por James Fox, que reacendeu o debate ao trazer novas entrevistas com militares e moradores da cidade.
Para Luis Elizondo, o caso é um exemplo claro do porquê o Brasil precisa estar no centro do debate ufológico mundial: "Esses relatos merecem ser investigados com seriedade. O que aconteceu em Varginha tem elementos que ultrapassam o folclore e tocam no nível de segurança nacional."
Outros episódios marcantes no céu brasileiro
- A Noite Oficial dos Óvnis (1986): diversos objetos luminosos foram detectados por radares e avistados por pilotos da FAB nos céus de São Paulo, Rio de Janeiro e outros estados. Ao menos 21 objetos foram registrados em uma única noite.
- Ilha de Trindade (1958): um fotógrafo da Marinha capturou imagens de um suposto disco voador próximo à ilha, durante uma expedição científica. As fotos foram publicadas até em jornais internacionais.
- Caso Guarapiranga (1988): o corpo mutilado de um homem foi encontrado em São Paulo, com sinais que intrigaram até peritos. Ufólogos apontaram a possibilidade de experiências extraterrestres, embora o caso nunca tenha sido oficialmente esclarecido.
Transparência internacional: e o Brasil, como fica?
Em 2023, o Departamento de Defesa dos EUA lançou o site aaro.mil, onde divulga fotos, vídeos e relatórios de casos envolvendo UAPs. A plataforma também promete abrir, em breve, um canal para denúncias públicas. A iniciativa é gerida pelo All-Domain Anomaly Resolution Office, que substitui programas secretos anteriores como o próprio AATIP.
Elizondo defende que outros países, como o Brasil, devem seguir esse caminho. “A falta de transparência atrasa nossa preparação para um possível contato real. Esse é um debate global. E o Brasil tem muito a ensinar ao mundo.”
O céu continua em silêncio?
Para Luis Elizondo, não. O céu está cheio de sinais — e o Brasil parece ser uma das principais zonas de atividade. O que falta, segundo ele, é coragem política e abertura institucional para lidar com a realidade que, cada vez mais, deixa de ser apenas ficção científica.
Enquanto isso, do interior do Pará ao sul de Minas, os relatos continuam. E os olhos voltam-se para o céu — em busca de respostas que podem mudar tudo o que sabemos sobre nosso lugar no universo.
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