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As imagens de satélite são reveladoras: a China está construindo o maior centro militar do mundo

Complexo tem dez vezes o tamanho do Pentágono e seria destinado a abrigar o alto comando do Exército Popular de Libertação (EPL) em caso de conflito

China está construindo complexo militar com dez vezes o tamanho do Pentágono / Imagem: Google
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Enquanto as tensões geopolíticas aumentam na Ásia e as rivalidades entre grandes potências se intensificam, novas imagens de satélite revelam a magnitude de um projeto militar colossal na China. Em silêncio, Pequim está erguendo o que pode se tornar o maior centro de comando militar subterrâneo já construído. Uma base que será símbolo de suas ambições estratégicas e de sua vontade de rivalizar com os Estados Unidos, essa construção intriga e preocupa os especialistas.

Um Pentágono superpotente

Desde os anos 1980, a China tem formado equipes especializadas na construção de abrigos subterrâneos capazes de resistir às bombas mais poderosas. É uma abordagem herdada da Guerra Fria, período em que a União Soviética e a Alemanha multiplicaram bunkers e bases subterrâneas em seus territórios. Agora, Pequim leva esse conceito a uma escala inédita com a construção do maior bunker militar já realizado.

De acordo com uma investigação do Financial Times, baseada em imagens de satélite, a China está construindo a oeste de sua capital um complexo militar monumental, apelidado informalmente de "Beijing Military City". Este local de 1.500 hectares — dez vezes a área do Pentágono americano — seria destinado a abrigar o alto comando do Exército Popular de Libertação (EPL) em caso de conflito, incluindo cenários nucleares. As imagens revelam imensas escavações e uma atividade frenética, sugerindo a existência de uma rede de túneis e instalações fortificadas.

Um projeto ambicioso

O início das obras, identificado em meados de 2024, coincide com os preparativos para o centenário do EPL, previsto para 2027. O presidente Xi Jinping ordenou às suas forças armadas que reforçassem sua capacidade de tomar Taiwan até lá. O desenvolvimento deste abrigo militar faz parte de uma modernização global do exército: expansão do arsenal nuclear, melhor coordenação interarmas e implantação de novos sistemas de armamento.

De acordo com informações do FT, mais de 100 guindastes operam simultaneamente neste local de cinco quilômetros quadrados. Passagens subterrâneas conectam instalações escondidas e nenhuma referência ao projeto aparece nos documentos oficiais ou na internet. Placas no local proíbem o uso de drones e a realização de fotografias, e restrições foram impostas nas áreas turísticas vizinhas.

Complexo

O gigantismo e o segredo desta construção lembram as infraestruturas soviéticas do século passado. O projeto parece inspirado pelo engenheiro Qian Qihu, pioneiro chinês em estruturas anti-nucleares formado na ex-URSS. Desde os anos 1980, Qian teria trabalhado em abrigos capazes de resistir a bombas penetrantes como a GBU-57A/B americana, que pode atravessar 200 metros de terreno.

Uma questão estratégica e simbólica

Segundo fontes americanas, este novo complexo substituiria o atual centro de comando das Colinas Ocidentais de Pequim, considerado obsoleto. Ele ofereceria ao comando militar chinês um espaço seguro e ultra-conectado, capaz de coordenar operações em uma situação de guerra total. O gigantismo deste projeto também manifesta a vontade de Pequim de rivalizar — e até superar — Washington no plano estratégico.

A China possui há muito tempo bases subterrâneas, como a de Xishan, a 100 metros de profundidade. Em 2018, pesquisadores haviam identificado uma imensa caverna no parque florestal de Xishan, estimada em 2.000 metros de profundidade, que poderia abrigar um posto de comando nuclear.

Alguns especialistas acreditam que essa nova base também poderia servir como um centro administrativo ou de treinamento militar de grande escala. Segundo Hsu Yen-chi, pesquisador taiwanês, o tamanho incomum do local sugere que se trata de um projeto estratégico de grande importância.

As autoridades chinesas, naturalmente, não comentaram a existência desse projeto titânico. Enquanto Washington acompanha de perto a construção, Pequim continua afirmando sua política de defesa e desenvolvimento pacífico. No entanto, a opacidade, as capacidades previstas e o contexto tenso com Taiwan e os Estados Unidos aumentam as preocupações sobre as intenções de longo prazo da China.

Este texto foi traduzido/adaptado do site JVTech.

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