Especialistas acreditam ter desvendado um dos milagres de Jesus retratados na Bíblia

Não é que a ciência duvide da capacidade de multiplicar os alimentos por meio de magia, mas a verdade é que, no mundo real, algo semelhante pode acontecer.

Milagre da multiplicação dos peixes pode ter sido consequência de um fenômeno natural | Imagens: eutrophication&hypoxia, Dominio Público
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Havia um livro muito extenso que contava histórias fascinantes. Um dos relatos dizia que um homem, seguido por multidões devido aos seus milagres, tinha uma legião de pessoas aguardando na fila para vê-lo. Essa multidão estava ali havia tanto tempo que começou a sentir muita fome.

Essa figura desafiou toda lógica e, pegando cinco pães e dois peixes, começou a multiplicar a comida e distribuí-la entre todos. Esse evento está presente nos quatro Evangelhos da Bíblia e é um dos "milagres" mais conhecidos de Jesus. Agora, a ciência tem algo a dizer sobre isso.

O significado de um milagre

O novo trabalho científico não busca dar legitimidade a Jesus ou à sua existência, nem interpretar ou explicar as possíveis simulações da Bíblia para abordar o mundo por meio dos extraordinários “recursos” do Messias.

Em vez disso, o objetivo era lançar uma nova luz sobre um evento aparentemente impossível do ponto de vista científico — ou talvez nem tanto.

A pesquisa recentemente publicada na Water Resources Research sugere que, na verdade, pode haver uma explicação científica bastante simples para um dos milagres mais famosos de Jesus. Sim, parece que os estranhos acontecimentos relatados no mar da Galileia podem ser o resultado de um curioso fenômeno natural.

Contexto bíblico e o Mar da Galileia

O Mar da Galileia, também conhecido como Lago Tiberíades ou Kinneret, é um lago de água doce em Israel mencionado diversas vezes nos relatos dos milagres de Jesus. Entre esses milagres, destacam-se dois dos mais "populares": a multiplicação dos pães e peixes e a pesca milagrosa.

No primeiro relato, que mencionamos no início, Jesus alimenta nada menos que 5.000 pessoas com apenas cinco pães e dois peixes trazidos por um menino. No segundo, os apóstolos realizam uma pesca extraordinária após seguirem as instruções de Jesus.

O que diz a ciência

Pesquisas recentes sugerem que esses "milagres" podem ter uma explicação científica ligada a um fenômeno conhecido como "morte de peixes" no lago. Como assim? Sim, aparentemente, esses eventos ocorrem quando grandes quantidades de peixes mortos são levadas para perto da margem.

Isso poderia explicar a abundância de peixes mencionada nos relatos bíblicos, caso algo semelhante tenha realmente acontecido.

O estudo

O estudo aponta que esse fenômeno é resultado de um processo chamado upwelling, que ocorre quando a água com baixa oxigenação das camadas profundas sobe à superfície devido a ondas internas geradas pelos ventos.

Esse evento acontece preferencialmente no verão, quando o lago se estratifica em camadas: uma camada quente na superfície, uma fria no fundo e uma intermediária com um forte gradiente de temperatura.

O que acontece? Quando essas camadas se misturam, os peixes acabam presos em águas pobres em oxigênio, sufocando e emergindo na superfície.

Eventos documentados e conclusão

Embora o fenômeno seja raro no lago Kinneret, casos recentes foram documentados em 2012, além de outros em 2007 e na década de 1990, sempre próximos à região de Tabgha, uma área associada aos “milagres de Jesus”. Não só isso: eventos semelhantes também foram registrados em outros lugares, como o Lago Erie e o estuário do rio Neuse, na Carolina do Norte.

Em conclusão, a pesquisa sugere que esses eventos de morte de peixes, ou até mesmo a simples concentração de peixes vivos próximos à margem devido ao afloramento parcial, podem ter sido a origem das histórias bíblicas há mais de dois mil anos.

Os autores também destacam que a localização e as condições climáticas poderiam ter facilitado a ocorrência desses fenômenos, oferecendo uma explicação mais plausível para os milagres dos peixes no Mar da Galileia.


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