Após 47 anos se afastando da Terra, a nave Voyager 1 está fora de alcance. A NASA está há uma semana sem receber sinais da lendária sonda espacial, mas suas antenas continuam escutando, na esperança de que ela reapareça em breve.
Mais de um mês sem notícias da Voyager 1
Nem a NASA nem os controladores da missão no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) se pronunciaram sobre o ocorrido, mas algo parece estar errado com a Voyager 1.
Bernard Netherclift, um entusiasta das sondas Voyager que acompanha de perto as comunicações da Rede do Espaço Profundo (DSN), revelou que as antenas da NASA localizadas em Robledo de Chavela (Madri), Tidbinbilla (Canberra) e Goldstone (Califórnia) pararam de receber sinais da Voyager 1 há mais de um mês.
Primeira tentativa de recuperação
A 24,7 bilhões de quilômetros da Terra, a Voyager 1 é o objeto feito por humanos que está mais distante do nosso planeta. Essa distância equivale a cerca de 23 horas-luz, o que significa que as comunicações da NASA levam um dia inteiro para ir e voltar entre a Terra e a sonda.
Embora a NASA consiga alinhar as seis antenas de Madri para captar o sinal fraco da Voyager 1, a estação de Canberra é a única equipada com um transmissor de alta potência capaz de cobrir uma distância tão grande. Por isso, o JPL tomou três medidas para enfrentar a crise:
- Reatribuir parte do tempo de rastreamento da Voyager 2 para buscar a Voyager 1 a partir da estação de Canberra.
- Reduzir a prioridade das comunicações com o observatório XMM-Newton da ESA e o satélite meteorológico DSCOVR da NOAA, permitindo que Canberra e também Madri dediquem mais tempo à busca da Voyager 1.
- Enviar uma transmissão de 100 KW a partir da antena mais potente da DSN, localizada em Canberra, com 70 metros de diâmetro. Este é o primeiro esforço para tentar recuperar a Voyager 1, cujo resultado será conhecido nas próximas horas.
O que está acontecendo?
Sem declarações oficiais da NASA, é difícil saber ao certo. Lançada em 5 de setembro de 1977, a Voyager 1 tem enfrentado várias anomalias nos últimos meses. Os engenheiros do JPL têm trabalhado arduamente para resolvê-las, enfrentando desafios como a enorme distância, a energia limitada e o software ultrapassado da sonda.
Problemas recentes
Entre novembro de 2023 e maio de 2024, a Voyager 1 parou de enviar dados científicos devido a um chip de memória deteriorado. Após identificar o problema, os engenheiros da NASA conseguiram realocar o código para outras áreas da limitada memória da nave, recuperando as comunicações.
Mais recentemente, os controladores da missão precisaram reativar motores que estavam inativos há décadas para reposicionar a sonda.
Os tubos de combustível usados pela Voyager 1 estavam obstruídos devido ao envelhecimento de um diafragma de borracha, colocando em risco a capacidade da sonda de manter suas antenas apontadas para a Terra.
O pior cenário
Se os propulsores atualmente em uso pela Voyager 1 também falharam e a nave perdeu sua orientação, pode ser impossível recuperá-la. Comandos enviados para corrigir o problema simplesmente não chegariam.
Se o problema for nos instrumentos, ainda há esperança de recuperação. A Voyager 1 é alimentada por um gerador termoelétrico de radioisótopos (RTG), que, apesar de produzir menos energia a cada ano devido ao decaimento natural do plutônio-238, ainda tem capacidade para operar até 2030.
E agora?
A NASA enviou recentemente uma transmissão às cegas para a Voyager 1, o que provavelmente indica que analisaram as últimas telemetrias recebidas para escrever comandos com a esperança de que cheguem à sonda e restabeleçam as comunicações.
Se isso não funcionar, pode ser o fim de uma das missões mais lendárias da exploração espacial. A Voyager 2, no entanto, ainda está ativa e conta com energia suficiente em seu RTG para continuar coletando dados do espaço interestelar até 2030.
Atualização (18/11/2024): Está viva!
A NASA conseguiu restabelecer contato com a Voyager 1 usando um transmissor que não era utilizado desde 1981.
Imagem | NASA
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