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Pentágono está de olho em empresa que quer instalar painéis solares onde sempre tem sol: o Espaço

Financiada por um criptomilionário, a startup americana Aetherflux tentará demonstrar a viabilidade da energia solar no espaço nos próximos dois anos

Aetherflux
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

A energia fotovoltaica no espaço está mais perto do que pensávamos. Não estamos falando de naves que funcionam com paineis solares, porque elas existem desde o início da corrida espacial. Estamos falando de fazendas solares que capturam a luz do sol da órbita para usá-la como eletricidade na Terra.

Fluxo constante e inesgotável de energia limpa

A ideia de capturar energia solar no espaço vem sendo ventilada desde os anos 80. Uma órbita heliossíncrona oferece um suprimento constante de energia do Sol, sem as interrupções da noite ou das condições climáticas da Terra.

Mas a energia solar espacial sempre foi tratada como um conceito futurístico, quase de ficção científica, que levará décadas para ser concretizado. Ou talvez não. Com uma abordagem inspirada em novas constelações de satélites, a empresa americana Aetherflux promete torná-la realidade em alguns anos.

Das criptomoedas ao espaço

Baiju Bhatt, cofundador da plataforma de negociação de criptomoedas Robinhood, criou o Aetherflux para demonstrar a viabilidade da energia solar no espaço nos próximos dois anos.

"Nossa abordagem é muito diferente", ele disse à Ars Technica. "Em vez de tentar construir algo do tamanho de uma pequena cidade em órbita geoestacionária, começamos mais modestamente em órbita baixa. É uma maneira de demonstrar funcionalidade e superar o ceticismo."

Embora partindo de um modesto investimento inicial de US$ 10 milhões (cerca de R$ 57,7 milhões), o Aetherflux planeja lançar um protótipo em órbita baixa da Terra (a cerca de 500 quilômetros de altitude) em cerca de 15 meses.

Tecnologia

O protótipo será lançado em um barramento de satélite fabricado pela empresa Apex. Seus paineis solares apontarão diretamente para o Sol para atingir cerca de 1 quilowatt de energia, o suficiente para alimentar um eletrodoméstico do tamanho de uma máquina de lavar louça.

Quanto à transmissão de energia do espaço para a Terra, ela não usará micro-ondas, como outras soluções em andamento, mas um laser infravermelho de alta potência. O satélite apontará para uma estação terrestre móvel de cerca de 10 metros de diâmetro para transmitir sua energia.

Interesse dos militares

A Aetherflux diz que está em negociações com a DARPA, a divisão de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia do Pentágono, para demonstrar a viabilidade de seu sistema. É uma questão que interessa ao Departamento de Defesa dos EUA há anos.

Se a missão inicial nos próximos meses for bem-sucedida, ela poderá abrir caminho para o desenvolvimento de constelações de satélites que forneçam energia contínua em locais remotos, zonas de desastre ou... é claro, instalações militares.

Desafios

A conversão e transmissão de energia do espaço tem perdas significativas, mas ao mesmo tempo tem que ser transmitida com uma energia segura para as pessoas e o meio ambiente. Um projeto dessa magnitude exigirá coordenação entre vários países e agências governamentais.

Sem mencionar o dinheiro. Construir e lançar uma constelação de satélites em larga escala, mesmo uma fração do tamanho da Starlink, é proibitivamente caro. Na ausência de foguetes totalmente reutilizáveis ​​que reduzam o preço dos lançamentos, demonstrar a tecnologia seria apenas o primeiro passo em uma estrada muito íngreme e rochosa para a Aetherflux.

Diga isso à Europa

A Agência Espacial Europeia vem buscando a energia solar espacial como uma solução para descarbonizar o setor elétrico há anos, mas os números ainda não batem.

Em 2022, um relatório técnico inicial observou que atender a um terço das necessidades energéticas da Europa exigiria satélites gigantes e milhares de lançamentos, o equivalente a centenas de bilhões de euros. Mesmo assim, a ESA não está jogando a toalha e continua a investigar sua viabilidade com a missão SOLARIS.

Imagem | Aetherflux

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