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Reino Unido troca carvão por combustível alternativo para alimentar termelétricas

O uso de incineradoras para queimar lixo doméstico tem crescido com o objetivo de gerar eletricidade e gerenciar resíduos

Reino Unido queima lixo para gerar energia
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

O Reino Unido fechou sua última usina a carvão para reduzir o alto nível de poluição após 142 anos, dando lugar às energias limpas. Ironicamente, um dos métodos para produzir energia ainda envolve queimar algo poluente.

O Reino Unido deixou de queimar carvão, um marco histórico

Durante a década de 1980, o carvão chegou a responder por 76% do fornecimento de energia elétrica, mas o país encerrou essa indústria para avançar na transição energética. Primeiro país do G7 a eliminar o carvão, agora o Reino Unido enfrenta uma maior dependência de importações de energia da Europa. No entanto, também optou por outro tipo de produção de energia: a incineração de lixo.

O problema é que agora está queimando lixo

O uso de incineradoras para queimar lixo doméstico, incluindo plásticos, tem aumentado para gerar eletricidade e gerenciar resíduos de maneira econômica. Cerca de 3,1% da energia vem dessa prática, o que fez o número de incineradoras crescer de 38 para 52, além de expandir a capacidade das existentes. Vale destacar que isso ocorreu apenas na Inglaterra e na Irlanda do Norte, pois tanto o País de Gales quanto a Escócia proibiram a criação de novas incineradoras. Essa forma de geração de eletricidade é altamente poluente, pois produz gases de efeito estufa.

Por que a queima de lixo é tão poluente?

O fato de queimar papelão, plásticos e outros resíduos em um espaço fechado pode ser altamente contaminante. Um estudo demonstrou que 29% da poluição provém da combustão de materiais inadequados para incineração em espaços fechados.

Nas incineradoras, queimam-se resíduos de plásticos, que, por sua vez, vêm de combustíveis fósseis. Em resumo, ao queimar plástico, liberam-se grandes quantidades de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono. Embora o uso dos aterros seja gerido, os plásticos geram 175 vezes mais dióxido de carbono do que se fossem enterrados em aterros. Para reduzir essa quantidade, o governo do Reino Unido estabeleceu um Plano de Melhoria Ambiental em 2023 com o objetivo de garantir que os resíduos plásticos não superem os 42 kg per capita por ano até 2028.

Por que lixo e não outra fonte de energia?

A gestão de resíduos por meio da incineração foi promovida como uma solução sustentável, mas o resultado tem sido totalmente diferente. Além disso, os municípios no Reino Unido estão sujeitos a contratos de longo prazo com operadores de incineradoras. Alguns desses contratos têm uma vigência superior a 20 anos, o que os obriga a continuar queimando resíduos para evitar enfrentar uma penalização econômica.

E as energias renováveis?

O Reino Unido se comprometeu a reduzir suas emissões em 68% em relação aos níveis de 1990 até 2030, de acordo com dados da IEA (International Energy Agency). Após o fechamento da última usina de carvão, a Ratcliffe-on-Soar, estima-se que o crescimento no setor de energias renováveis deva acelerar.

Atualmente, as renováveis representam 41,7% da matriz energética, de acordo com dados da consultoria Arthur J. Gallagher (UK) Ltd, com a energia eólica sendo a principal fonte. Além disso, o Reino Unido se destaca por seus investimentos em energia eólica offshore, mas os próximos capítulos dessa história serão importantes, pois foi suspensa a proibição do governo anterior sobre a energia eólica terrestre.

Apesar das medidas, o Reino Unido ainda depende do gás natural, que abastece grande parte da eletricidade do país. Diante da inação dos ministros, muitos lares terão que enfrentar contas elevadas e altas emissões de carbono, caso não haja um plano de ação para as futuras construções.

Imagem | Unsplash e Unsplash

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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