No mundo corporativo, existe um conceito curioso chamado Princípio de Peter. Ele descreve como as empresas costumam promover seus melhores funcionários para cargos de liderança e gestão de equipes como uma forma de recompensa.
O problema? Esses novos chefes, que antes se destacavam em suas funções, nem sempre possuem os conhecimentos ou habilidades necessárias para exercer bem o novo cargo. Como resultado, acabam se tornando incompetentes na posição de liderança. E o impacto dessa falta de preparo é significativo: 33% dos funcionários pedem demissão por causa da má gestão.
Líderes despreparados afetam toda a equipe
Um estudo do Chartered Management Institute (CMI), que entrevistou 4.500 trabalhadores e gerentes no Reino Unido, revelou que um em cada quatro profissionais em idade ativa ocupa um cargo de liderança, mas a maioria não tem a formação necessária para a função.
O levantamento mostrou ainda que 82% dos gerentes chegaram à posição por efeito do Princípio de Peter, sendo classificados como “gestores acidentais” – ou seja, foram promovidos como reconhecimento por um bom desempenho em funções anteriores, mas não receberam treinamento adequado para atuar como líderes.
O impacto dessa "incompetência"
A falta de habilidades em liderança e gestão de equipes tem consequências diretas: um em cada três funcionários pretende pedir demissão no próximo ano por não estar satisfeito com a gestão de seus superiores. Além disso, 28% dos 2.018 funcionários entrevistados e 31% dos gerentes já deixaram um emprego anteriormente por esse motivo.
De forma geral, 52% dos gerentes não possuem a formação necessária para seu cargo atual, o que faz com que seu desempenho dependa exclusivamente de habilidades interpessoais ou resulte em alta rotatividade dentro do departamento. A pesquisa também revela uma diferença significativa entre funcionários que trabalham sob a liderança de um chefe preparado e aqueles que lidam com um "gestor acidental".
- Com um "chefe acidental", apenas 15% dos funcionários se sentem valorizados no trabalho, contra 72% daqueles que têm um líder capacitado.
- Apenas 34% se sentem motivados por seus superiores, enquanto 77% dos que trabalham com um chefe eficiente afirmam ter motivação no trabalho.
- A satisfação profissional também varia: 27% dos funcionários que trabalham com chefes despreparados dizem estar satisfeitos, enquanto 74% dos que têm um gestor qualificado relatam satisfação no emprego.
Um problema antigo que só cresce
O estudo do Chartered Management Institute (CMI) confirma uma tendência que já vem sendo observada desde 2019. Na época, estimava-se que cerca de 68% (ou 2,4 milhões) dos 3,4 milhões de gerentes ativos no Reino Unido se encaixavam na categoria de "gestores acidentais", ou seja, sem a formação necessária para exercer a função corretamente.
Na edição de 2024, esse número subiu para 82%, refletindo o aumento do modelo de "promoção até a incompetência" impulsionado pelo Princípio de Peter. Além disso, 46% dos gerentes admitem que muitas promoções ocorrem com base em relacionamentos internos e perfil dentro da empresa, e não por habilidades reais de liderança.
A solução: investir em capacitação
Os próprios gerentes reconhecem esse problema. O estudo revela que um em cada cinco líderes não confia em suas habilidades de gestão e admite não estar preparado para lidar com os desafios da liderança. Essa insegurança gera estresse e é um dos principais motivos de desistência entre cargos intermediários.
Além disso, 33% dos gerentes afirmam nunca ter recebido nenhum tipo de capacitação para exercer sua função.
Os dados do Chartered Management Institute (CMI) mostram que empresas que investem em treinamentos para seus líderes conseguem aumentar sua eficiência em 23% e melhorar em 32% a satisfação e a produtividade dos funcionários.
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