A Rússia está expandindo seu domínio no setor nuclear com uma usina flutuante no Ártico. De maneira discreta, o país continua ampliando sua influência no setor nuclear. Recentemente, o Kremlin anunciou a construção de mais de 10 usinas nucleares em países aliados. Agora, decidiu marcar presença no Ártico com uma planta nuclear flutuante.
Energia no gelo
A usina nuclear flutuante Akademik Lomonosov já gerou seus primeiros 1 bilhão de quilowatts-hora (kWh) de energia, segundo a Rosatom.
Localizada na região ártica de Chukotka, a central acaba de completar seu primeiro ciclo de combustível. Com mais de cinco anos de operação, atualmente supre mais de 60% da demanda energética da região, garantindo eletricidade para comunidades isoladas em condições extremas.
Usina nuclear flutuante: energia estável para regiões remotas
O conceito de usina nuclear flutuante foi desenvolvido para fornecer energia limpa e estável a regiões remotas ou de difícil acesso, como o Ártico. No caso da Akademik Lomonosov, a usina foi construída sobre uma embarcação, tornando-a totalmente móvel.
Em termos técnicos, a planta opera com dois reatores nucleares KLT-40S, semelhantes aos utilizados em rompe-gelos nucleares. Esses reatores são capazes de gerar eletricidade e calor para comunidades isoladas e projetos de mineração. Seu design foi criado para operar em condições extremas, mas levanta preocupações sobre segurança nuclear e impacto ambiental em áreas vulneráveis.
Inicialmente, a Akademik Lomonosov foi projetada para substituir a antiga usina nuclear de Bilibino. No entanto, sua função vai além da geração de energia:
- Desalinização de água: a usina pode produzir até 240.000 metros cúbicos de água potável por dia.
- Fornecimento de eletricidade: abastece uma população de 5.000 pessoas.
- Suporte à mineração: fornece energia para as operações na zona mineral de Baimskaya.
Não é a única usina do tipo
A Rússia pode ter sido pioneira, mas outros países estão entrando no jogo. A americana Westinghouse e a britânica Core Power firmaram uma parceria para desenvolver usinas nucleares flutuantes equipadas com reatores ultracompactos eVinci.
Esses reatores modulares de quarta geração conseguem gerar até 5 MWe e operar por mais de oito anos sem reabastecimento de combustível. Além disso, seu design compacto e a possibilidade de montagem completa em fábrica facilitam o transporte por mar, tornando-os uma solução energética limpa e flexível para ilhas, portos e comunidades costeiras.
Ocidente no retrovisor: o domínio nuclear da Rússia
Entre as sanções devido à Guerra na Ucrânia e as divisões sobre a dependência do gás russo, o Kremlin encontrou no setor nuclear sua nova arma geopolítica. Atualmente, a Rússia domina 27% da capacidade mundial de conversão e 39% do mercado global de enriquecimento de urânio, reforçando a dependência energética do Ocidente.
Enquanto os países ocidentais lutam para reduzir sua dependência energética e atingir suas metas de sustentabilidade, a Rússia segue expandindo sua influência global, combinando inovação tecnológica e controle de recursos naturais estratégicos.
Com essa estratégia, a capacidade nuclear russa deve crescer 155% nos próximos anos, chegando a 950 gigawatts até 2050 – um salto que pode consolidar ainda mais o país como potência energética global.
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