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Satélites chineses preocupam o Pentágono: eles rastreiam tanto um avião de combate quanto um asteroide

  • A constelação de satélites Jilin-1 observou o asteroide 1994 PC1 com uma precisão maior do que os telescópios terrestres

  • O inquietante: trata-se da maior rede de satélites projetada para a observação da Terra, e não do espaço

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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Há dois anos, um asteroide do tamanho da ponte Golden Gate passou a 1.981.468 km da Terra. A China conseguiu calcular sua trajetória com precisão, tranquilizando o mundo inteiro ao descartar uma possível colisão. Apenas um país, os EUA, ficou preocupado. O motivo: a capacidade tecnológica de seu rival.

O asteroide 1994 PC1, descoberto em meados dos anos 90 pelo astrônomo australiano Robert McNaught, está catalogado como potencialmente perigoso. Em 2022, ele passaria perto da Terra e havia temores de uma colisão potencialmente catastrófica com nosso planeta. Determinar sua posição exata e calcular sua trajetória tornou-se uma questão vital.

Foi aí que entrou em jogo a constelação de satélites Jilin-1, que a China vem lançando desde 2015. Trata-se de um grupo de pequenos satélites que estão em órbita síncrona com o Sol. Até junho de 2023, havia 130, mas a operadora da constelação, a empresa Chang Guang Satellite Technology, planeja expandir esse número para 300 até 2025.

O sistema inclui várias gerações de satélites de vídeo de alta resolução e de imagens hiperespectrais. Suas aplicações vão desde resposta a desastres naturais até coleta de inteligência militar, além de supervisão de grandes obras, incêndios florestais e tráfego aéreo.

O asteroide 1994 PC1 visto do Observatório de Pujalt O asteroide 1994 PC1 visto do Observatório de Pujalt

Ironicamente, um de seus feitos mais notáveis foi virar as costas para a Terra e observar o 1994 PC1 antes de sua passagem pelo nosso planeta. E o Jilin-1 fez isso com uma margem de erro de duas ordens de magnitude menor que a dos telescópios terrestres.

Embora os satélites Jilin-1 não tenham sido projetados para essa tarefa, eles conseguiram definir a trajetória do asteroide com uma precisão de 33 km. Garantiram que o 1994 PC1 passaria a uma distância segura, equivalente a cinco vezes o percurso entre a Terra e a Lua.

Escalada militar no espaço

A precisão da constelação de satélites levantou preocupações nos EUA, que temem o uso militar desses instrumentos. O Pentágono estima que a China tem 400 satélites de inteligência, vigilância e reconhecimento já em órbita, dos quais pelo menos a metade formam uma das maiores redes de observação da Terra em operação.

Avião de combate F-22 dos EUA rastreado pelo satélite Jilin-1 Avião de combate F-22 dos EUA rastreado pelo satélite Jilin-1

Esses satélites são capazes de capturar imagens de alta resolução de quase qualquer lugar do planeta, mesmo de objetos pequenos, rápidos e furtivos, como um avião de combate americano F-22 Raptor.

Apesar dos alertas, os EUA têm mais satélites em órbita do que qualquer outro país, sendo a grande maioria pertencente à rede Starlink da SpaceX, que já está sendo utilizada em contextos militares para apoiar as comunicações dos aliados americanos.

A SpaceX também começou a lançar uma versão militar da Starlink chamada "Starshield", a pedido do Escritório Nacional de Reconhecimento dos Estados Unidos (NRO). A constelação Starshield foi descrita como "o sistema de inteligência, vigilância e reconhecimento no espaço mais capaz, diversificado e resistente que o mundo já viu".

Entretanto, Pequim não ficou de braços cruzados e está preparando um enxame orbital de 12.992 satélites controlados pelo recém-estabelecido China Satellite Network Group. O objetivo: competir com o Starlink. A escalada de satélites em órbita parece ser imparável e, assim como ocorreu na corrida espacial dos anos 60, está fortemente ligada a uma escalada militar.

Este texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha

Imagens | Chang Guang

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