Especula-se muito sobre o impacto que a inteligência artificial terá no mercado de trabalho. Sam Altman, CEO da OpenAI, não tem dúvidas de que a chegada da IA às empresas provocará uma enorme transformação em determinadas profissões. Já Avital Balwit, responsável pelo setor de pessoal da Anthropic, já considera que seu cargo ficará obsoleto em menos de três anos.
O Business Insider teve acesso a gravações de uma palestra interna de junho nas quais Matt Garman, novo CEO da Amazon Web Services, se mostra convencido de que a chegada da IA transformará o papel dos engenheiros de software, pois as empresas não precisarão mais de pessoas para escrever código.
A transformação dos desenvolvedores de software
Segundo Garman, o futuro da programação está em evolução. Com o avanço da inteligência artificial, os engenheiros de software enfrentam a necessidade de adquirir novas habilidades além da programação em si.
Durante a palestra interna, Garman explicou que, em um futuro próximo, os desenvolvedores poderão deixar de codificar, pois a IA assumirá muitas dessas tarefas. "Em 24 meses, ou pelo menos em algum tempo, não posso prever exatamente quando, é possível que a maioria dos desenvolvedores não esteja gerando código", afirma o CEO.
Uma mudança na natureza do trabalho
O responsável pela nuvem da Amazon explica na palestra que, embora a programação deva continuar sendo importante, o papel dos engenheiros de software passará a ter uma conotação mais criativa e de inovação. "A codificação é o idioma com o qual falamos com os computadores. Não é necessariamente uma habilidade por si só. A verdadeira habilidade é: como inovar? Como posso criar algo interessante para que meus usuários finais utilizem?", declara o executivo nas gravações publicadas.
"Isso simplesmente significa que cada um de nós terá que estar mais sintonizado com o que nossos clientes precisam e com o que realmente queremos construir, porque, cada vez mais, é isso que nosso trabalho vai envolver, em vez de sentar e escrever código", prevê Garman.
Não é só ele
O discurso de Garman não é novo. Em fevereiro, Jensen Huang, CEO da NVIDIA e uma das principais vozes no desenvolvimento de IA, expressou essa mesma ideia na Cúpula Mundial de Governos realizada em Dubai.
Jensen estava convencido de que os jovens que estão começando uma carreira atualmente não deveriam focar em aprender a programar, pois, segundo o executivo, “(…) Nosso trabalho é criar tecnologia computacional para que ninguém precise programar. Agora, qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, pode ser um programador. Esse é o milagre da inteligência artificial. (...) Pela primeira vez, fechamos a lacuna tecnológica”. Na opinião de Huang, os engenheiros do futuro deveriam começar a pensar no uso que darão a essa tecnologia, e não em programar ferramentas. Isso seria tarefa da inteligência artificial.
Impacto da IA no emprego
Embora seja verdade que a IA esteja gerando algumas incertezas sobre o futuro de certos postos de trabalho, os áudios de Garman não apresentam uma visão pessimista desse futuro.
Em vez de alertar sobre a extinção dos desenvolvedores, ele sugere que a IA abrirá novas oportunidades criativas nesse campo. "Ser desenvolvedor em 2025 pode ser diferente do que era em 2020", argumenta Garman. O executivo destaca que esse é um dos motivos pelos quais a AWS está ajudando seus funcionários a "continuar aprimorando suas habilidades e aprendendo sobre novas tecnologias".
Aisha Johnson, porta-voz da AWS, confirmou que os comentários de Garman revelam as oportunidades que a IA oferecerá aos desenvolvedores para se concentrarem mais no trabalho inovador.
"Matt [Garman] articulou uma visão de como a AWS continuará eliminando o trabalho pesado indiferenciado da experiência do desenvolvedor para que os criadores possam concentrar mais suas habilidades e energia no trabalho mais inovador", disse Johnson em um comunicado enviado ao Business Insider.
Incorporação da IA no fluxo de trabalho
Os áudios de Garman revelam que o executivo incentiva os funcionários a explorar novas maneiras de integrar a IA em seus fluxos de trabalho para melhorá-los. "Muitas vezes pensamos nos clientes, o que é ótimo, mas também encorajaria todos internamente a pensar em como você está mudando completamente o que está fazendo", disse Garman.
O CEO mencionou o exemplo da Smartsheet, uma empresa que incorporou funções de IA do chatbot Q da Amazon em um canal do Slack, permitindo que os funcionários façam perguntas sobre políticas internas e documentação.
Este texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha
Imagem | Unsplash (AltumCode), AWS
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