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Esse truque para pagar pouco em estadia em Nova Iorque pode um levar homem à cadeia

O cliente também afirma que sua linhagem o conecta diretamente a Cristóvão Colombo e às famílias reais portuguesas.

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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Não há dúvida de que Nova York é uma cidade "cara" para a maioria das pessoas. O sonho de passar férias em Manhattan, um fim de semana prolongado de quatro noites, é um gasto que pode pesar em qualquer bolso.

No entanto, no extraordinário e surreal caso de Mickey Barreto, o custo de passar cinco anos em um hotel na Big Apple foi de apenas 200,57 dólares. Agora, ele pode ter que pagar esse valor, talvez com sua liberdade.

Um hóspede que não vai embora

A história começou em junho de 2018, quando Mickey Barreto pagou por uma noite no hotel New Yorker, em Manhattan. Naquele momento, nada indicava que ele não deixaria o quarto 2565 por cinco anos — e faria isso sem desembolsar mais um centavo como residente permanente do hotel.

Como isso aconteceu?

Sua permanência não foi obra do acaso, mas fruto de uma estratégia legal baseada na lei de estabilização de aluguéis de Nova York. Essa legislação, aplicada a hotéis antigos da cidade, permitia que alguns hóspedes solicitassem contratos de locação permanente. Por meio dessa lei, originalmente criada para proteger inquilinos de baixa renda, Barreto obteve o direito de residir no hotel.

Uma tentativa de apropriação sem precedentes

Após obter uma decisão judicial favorável, Mickey Barreto entrou com um pedido formal no tribunal para conseguir um contrato de aluguel, alegando que, pela lei de estabilização de aluguéis de Nova York, tinha direito de permanecer no hotel por tempo indeterminado.

Como os representantes do hotel não compareceram à audiência, os juízes novamente decidiram a seu favor, ordenando que ele tivesse a posse do quarto devolvida. Apesar das tentativas do hotel de contestar suas solicitações, Barreto conseguiu continuar no quarto sem pagar nada além da primeira diária.

Mas ele foi além

Com a decisão judicial que lhe concedia a "posse" do quarto, Barreto interpretou a ordem como um direito de propriedade sobre todo o prédio. Com base numa leitura ambígua da decisão e da lei, ele procurou o Departamento de Finanças da cidade para registrar o hotel inteiro em seu nome.

Depois de sete tentativas e aproveitando erros burocráticos, conseguiu que seu nome aparecesse como o proprietário do prédio no sistema de registros da cidade. O caso causou alvoroço entre os verdadeiros donos do imóvel: ninguém menos que a Igreja da Unificação.

Quero meu dinheiro

Com o título de propriedade em mãos, Barreto começou a agir como se fosse o legítimo proprietário. Assim, passou a enviar cartas aos advogados da Igreja da Unificação, cobrando até 15 milhões de dólares em lucros retroativos e exigindo acesso aos documentos financeiros do hotel.

Não parou por aí, viu?

Barreto também ordenou que o restaurante do hotel redirecionasse os pagamentos de aluguel para sua conta vinculada ao quarto, além de tentar assumir o controle das contas bancárias associadas ao estabelecimento.

Como se isso não fosse suficiente, ele emitiu ordens de "reforma" do imóvel, solicitando, por exemplo, que o 38º andar fosse desocupado para a realização de uma inspeção. Coisa de filme.

A culpa é da Coreia do Norte

Barreto tem defendido em diversas entrevistas e documentos legais que suas ações não são, de forma alguma, arbitrárias. Ele afirma que buscava bloquear um fluxo financeiro que, segundo ele, conectava o hotel diretamente à Coreia do Norte, violando sanções internacionais.

Barreto sugeriu a existência de uma suposta ligação financeira ilegal entre a Igreja da Unificação e o regime norte-coreano.

Neste ponto, surgiram vozes discordantes, principalmente de familiares, que mencionaram um comportamento "errático", inclinação por teorias conspiratórias e obsessão com sua genealogia.

Ao longo dos anos, Barreto desenvolveu um interesse em sua árvore genealógica, chegando a afirmar que sua linhagem o conectava diretamente a Cristóvão Colombo e às famílias reais portuguesas. Esses argumentos e teorias foram usados como parte de sua defesa.

Tribunais e prisão

Apesar de seus esforços para se firmar no hotel, a Igreja da Unificação entrou com várias ações judiciais para recuperar a propriedade do imóvel e expulsá-lo.

O tribunal finalmente decidiu contra Barreto, declarando que suas reivindicações de posse eram fraudulentas e ordenando seu despejo imediato. Mesmo assim, Barreto permaneceu no quarto, recusando-se a pagar ou a aceitar as condições de um contrato formal de aluguel.

Prisão e julgamento

Em 2023, após várias audiências, Barreto foi finalmente preso, enfrentando 24 acusações, incluindo 14 por fraude, devido à sua tentativa de apropriação ilegal do hotel. Ele estava diante de um possível julgamento que poderia resultar em uma longa sentença de prisão. No entanto, esse futuro incerto teve um desfecho inesperado.

Não podemos julgá-lo

Nesta semana, após uma avaliação psiquiátrica, os juízes determinaram que Barreto não está mentalmente apto para enfrentar um julgamento devido a problemas de saúde mental e dependência química.

O juiz concedeu a ele sete dias para buscar tratamento psiquiátrico, caso contrário, o homem que viveu de graça em um hotel de Manhattan por cinco anos acreditando que estava bloqueando o financiamento para a Coreia do Norte, e que afirmava ter um linhagem direta com Cristóvão Colombo, será internado compulsoriamente imediatamente.

Imagens | driver Photographer, Ermell

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