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Há meses, a Rússia cobre seus caças e bombardeiros com pneus. Agora, os Estados Unidos querem saber o motivo

Método é utilizado não especificamente para impedir ataques, mas para evitar a própria detecção das aeronaves por modelos de IA

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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Desde que os satélites foram inventados, ficou mais difícil guardar alguns segredos geográficos — esses aparelhos viraram um elemento-chave no setor de defesa. De tempos em tempos, as nações lançam novos satélites espiões para coletar informações de inteligência a partir do espaço. Esses dados, como você pode imaginar, são confidenciais. Mas isso é só o começo.

Muitas imagens capturadas da órbita espacial ficam disponíveis de forma aberta (no Google Maps, por exemplo). E, agora, esses dados revelaram que a Rússia está cobrindo aviões com pneus — uma descoberta que gerou mais perguntas do que respostas. A princípio, não ficou claro com que finalidade o país liderado por Vladimir Putin estava colocando esses elementos sobre algumas aeronaves.

Fim do mistério?

A Rússia não deu nenhuma explicação oficial, mas uma militar de alto escalão dos EUA ofereceu a hipótese mais razoável. Schuyler Moore, diretora de tecnologia do Comando Central dos EUA (CENTCOM), explicou, em uma entrevista ao Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, que os pneus visam proteger as aeronaves da detecção inimiga.

"Se você coloca pneus sobre as asas, muitos modelos de visão computacional terão dificuldades para reconhecer que ainda é um avião", explicou Moore. A especialista acrescentou que os modelos de inteligência artificial (IA) usados pelos sistemas militares não são perfeitos e que atualizá-los não é tão simples quanto pode parecer. Melhorar a detecção requer retreinar os modelos com dados atualizados.

O bombardeiro na imagem de satélite é um Tu-95 da era soviética O bombardeiro na imagem de satélite é um Tu-95 da era soviética

No caso dos aviões russos cobertos com pneus, as imagens capturadas agora podem ser usadas para melhorar os modelos de detecção. Mas, mesmo com esse conhecimento adicionado, o inimigo sempre pode simplesmente escolher outro elemento para cobrir os veículos e confundir o sistema novamente, e assim por diante. Para evitar essa defasagem, seria necessário o desenvolvimento de sistemas de IA mais avançados, capazes de lidar com essas mudanças potenciais.

Ao longo do conflito entre Rússia e Ucrânia, que já dura mais de dois anos e meio, vimos muitas imagens peculiares vindas do país comandado por Putin. Por exemplo, os "tanques tartaruga" russos, blindados com carapaças metálicas destinadas a resistir aos ataques dos drones ucranianos. E o outro lado também tem seus truques: a Ucrânia criou estruturas para proteger de ataques russos os seus tanques Abrams, que custam cerca de 10 milhões de dólares (R$ 54 milhões).

Este texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha

Imagens | Maxar | Sergey Kustov

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