Marinha dos EUA encontra antena clandestina da StarLink em navio de guerra e confirma potencial da empresa de Elon Musk

A comandante do navio de guerra USS Manchester bolou um plano para que ela e alguns oficiais pudessem ter Wi-Fi durante uma missão

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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

No início de 2023, a comandante do navio de guerra USS Manchester decidiu que não queria abrir mão de ter conexão Wi-Fi a bordo, embora isso fosse proibido pela Marinha americana. Aparentemente, era muito difícil ficar por meses sem acesso à internet. Só que a rede Wi-Fi que ela improvisou, batizada de “STINKY”, acabaria lhe custando muita dor de cabeça.

Como reporta o NavyTimes, a comandante Grisel Marrero elaborou o plano com vários membros da cúpula de comando do navio. Junto a eles, ela adquiriu uma antena StarLink por 2.800 dólares, que foi instalada sem que ninguém percebesse em uma das partes externas do barco, onde ficou bem escondida.

Isso permitiu que um pequeno grupo de oficiais de alto escalão tivesse acesso à internet durante os seis meses de missão, entre março e agosto de 2023. Ao longo desse período, Marrero foi complicando a situação.

Em primeiro lugar, vários membros da tripulação que não tinham acesso a essa rede Wi-Fi acabaram conseguindo detectá-la. O burburinho acabou despertando o interesse de alguns oficiais que não estavam envolvidos no plano. Eles procuraram, mas não encontraram a antena — isso porque eles não imaginavam que pudesse se tratar de uma antena StarLink, por isso não procuraram no exterior do barco.

Comandante Grisel Marrero | Fonte: SURFPAC Comandante Grisel Marrero | Fonte: SURFPAC

Ao ser abordada por vários suboficiais, Marrero negou a existência de tal rede no navio. Para evitar mais perguntas, mudou o nome da rede para que, em vez de "STINKY", parecesse o nome de uma impressora sem fio, embora esse tipo de equipamento não fosse usado no USS Manchester. Marrero ainda foi questionada novamente sobre a rede, mas tornou a negar sua existência e até mesmo apagou um comentário que havia aparecido na caixa de sugestões oficial do navio.

Havia um problema adicional: a rede Wi-Fi instalada não oferecia cobertura em todo o navio. Com isso, durante uma parada em Pearl Harbor (Havaí) no final de abril ou início de maio, os envolvidos compraram repetidores de sinal e cabos para instalá-los no barco e resolver o problema.

Antena da StarLink pode ser vista na parte inferior esquerda da imagem | Imagem incluída na investigação do incidente Antena da StarLink pode ser vista na parte inferior esquerda da imagem | Imagem incluída na investigação do incidente

Finalmente, em 18 de agosto de 2023, um técnico civil do Naval Information Warfare Center instalou — desta vez, com aprovação oficial — uma antena Starshield da Starlink para uso de fins militares. Durante a instalação, ele flagrou a Starlink que havia sido colocada clandestinamente.

Marrero acabou sendo destituída de seu cargo no final de 2023 e se declarou culpada em 2024 durante um conselho de guerra, que é uma conferência de militares de alta patente para resolver problemas graves. Foi rebaixada de oficial de classe E-8 para oficial de classe E-7, perdendo tanto capacidade e responsabilidade de comando quanto tempo de serviço.

A investigação também atingiu mais de 15 membros do comando do USS Manchester, que acabaram escapando do conselho de guerra, mas receberam punições administrativas não especificadas.

A instalação de sistemas Wi-Fi não autorizados é completamente proibida em embarcações da Marinha dos EUA. Para completar, as ações da comandante Marrero ocorreram durante uma missão no oeste do Pacífico, onde poderiam ter representado um risco, consideradas as tensões existentes com a China.

Há uma curiosidade a mais: conforme usuários apontam no ArsTechnica, o próprio Elon Musk publicou uma série de mensagens no X (antigo Twitter) em que brincava sobre qual o nome que, por padrão, deveriam ter as redes Wi-Fi geradas pelo Starlink. O bilionário sugeriu "STINKY".

Na FAQ atual do serviço, está indicado que "o nome da rede Wi-Fi padrão aparece como 'STARLINK' na configuração do dispositivo". No entanto, uma versão anterior do site da Starlink afirmava que o nome poderia ser tanto "STARLINK" quanto "STINKY".

Imagem | America's Navy

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