Não se pode dizer que a Disney está em crise. O anúncio dos resultados financeiros do segundo trimestre foi cheio de otimismo, graças a grandes sucessos de bilheteria como Divertida Mente 2 (que impulsionou novos projetos animados e revitalizou o selo Pixar) e Deadpool contra Wolverine (que deu novo fôlego à Marvel, que estava precisando). No entanto, há uma parte do negócio que ainda não conseguiu se recuperar.
Crescimento tímido
Vamos aos números: o setor Disney Experiences (que inclui parques e cruzeiros) registrou uma receita de 8,4 bilhões de dólares no último trimestre, o que representa um crescimento modesto de apenas 2% em comparação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, os lucros caíram 3%, totalizando 2,2 bilhões de dólares.
Um panorama mais amplo
A Disney atribui essa queda nas receitas à "moderação da demanda dos consumidores (...) que superou nossas expectativas". A empresa também destacou que essa desaceleração nos lucros deverá afetar seus parques nacionais pelos "próximos trimestres". Para entender melhor o impacto, vamos às comparações: em 2023, a divisão de parques e cruzeiros representou 70% das receitas da companhia. Já em 2024, esse número caiu para 40%.
Queda no setor
O problema não é exclusivo da Disney. A indústria de parques tem enfrentado uma queda significativa nos últimos meses. De acordo com um relatório da Variety sobre o tema, a Comcast, dona da Universal Destinations & Experiences, reportou uma queda de 10,6% na receita de seus parques no segundo trimestre; a Six Flags, maior operadora regional de parques temáticos da América do Norte, também apresentou resultados negativos no segundo trimestre, com queda nas receitas (-1%), na presença de visitantes (-2%) e nos gastos feitos nos parques (-5%).
Nem tudo são más notícias
A parte positiva é que, em termos de número de visitantes, há um aumento, ainda que discreto na maioria dos casos, mais acentuado em outros, e com resultados negativos em alguns poucos. Estes são os cinco parques mais visitados do mundo e suas respectivas cifras:
Parque |
Público 2022 (milhões) |
Público 2023 (Milhões) |
Crescimento (%) |
---|---|---|---|
Disney's Magic Kingdom |
17.1 |
17.7 |
3.4 |
Disneyland Park |
16.9 |
17.3 |
2.2 |
Universal Studios Japão |
12.4 |
16.0 |
29.6 |
Tokyo Disneyland |
12.0 |
15.1 |
25.8 |
Shanghai Disneyland |
5.3 |
14.0 |
164.2 |
Apenas o Disney 's Hollywood Studios, o décimo parque mais visitado, registrou números negativos, com uma leve queda de 11 para 10,3 milhões de visitantes, uma redução de 5,5%. O problema é claro: o setor não está estagnado, mas seu crescimento é bastante limitado, e ainda estamos longe dos níveis de visitação pré-pandemia.
Outro ponto de atenção é a localização geográfica desses parques: os dois primeiros da lista estão nos Estados Unidos, mas os três seguintes, com um crescimento espetacular, estão no Japão e na China, onde ainda estão experimentando um boom pós-pandemia com o fim das restrições, que já foram superadas há algum tempo nos Estados Unidos e na Europa.
Fazendo limonada com os limões que a vida dá
Os parques da Disney experimentaram um aumento de visitantes no ano imediatamente após a pandemia: as pessoas estavam ansiosas para viajar, e os parques oferecem um destino controlado e adaptado às restrições sanitárias pós-crise.
No entanto, a atual fase de recessão da economia global não só entra em conflito com o efeito rebote daquela explosão de viagens (e consumo, de modo geral), como também com o aumento constante dos preços dos ingressos que a Disney vem aplicando desde 2014. De acordo com o site especializado em parques AllEars, os preços dos ingressos dobraram nos últimos vinte anos, com aumentos quase anuais.
Disney precisa de uma mudança
Está claro que a Disney precisa de uma mudança substancial nessa situação, já que os parques, cruzeiros (e o merchandising) são sua principal fonte de receita, muito acima do mais midiático e publicitário streaming. Sucessos como Deadpool e Wolverine ou Divertida Mente 2 não podem acontecer todo ano, o que torna necessária uma forte reestruturação de suas estratégias para o ramo de experiências do negócio.
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