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Spotify se distancia de outras empresas tech ao não voltar para os escritórios: "não vamos tratar adultos como crianças"

  • Diretora de recursos humanos confirma o compromisso da plataforma de streaming com o trabalho remoto

  • "Você não pode dedicar tanto tempo para contratar adultos e depois tratá-los como crianças", afirmou Katarina Berg

Spotify não vai obrigar funcionários a voltarem ao escritório
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Enquanto muitas empresas, como Amazon ou Dell, intensificam suas políticas de retorno aos escritórios, outras, como Microsoft e Spotify, se posicionam no sentido oposto e não veem motivos para obrigar seus funcionários a voltar ao modelo presencial, caso não queiram.

Em uma entrevista recente para o portal Raconteur, Katarina Berg, diretora de recursos humanos do Spotify, afirmou que obrigar os funcionários a voltar aos escritórios seria "tratá-los como crianças" e confirmou o compromisso da empresa com o trabalho remoto.

A diretora de recursos humanos afirmou entender os motivos que levam muitas empresas a retornar aos escritórios, mas não vê razão para que o Spotify revogue a política de trabalho remoto iniciada em 2021. "Você não pode dedicar tanto tempo para contratar adultos e depois tratá-los como crianças", disse a executiva.

Segundo Berg, as empresas "estão voltando ao que conhecem. Somos uma empresa digital desde o seu nascimento, então por que não dar flexibilidade e liberdade à nossa equipe? O trabalho não é um lugar para onde você vai, é algo que você faz", ressaltou a líder do departamento de recursos humanos do serviço de música em streaming.

Se a produtividade não cair, que fiquem em casa

Assim como a Microsoft, o Spotify vincula o trabalho remoto aos níveis de produtividade que, segundo sua diretora de RH, não foram afetados pelo home office. No entanto, a empresa se preocupa com as dinâmicas de trabalho, a colaboração e a inovação em um ambiente remoto.

Entretanto, em vez de usar a falta de inovação como argumento para o retorno aos escritórios, a empresa começou a colaborar com a Escola de Economia de Estocolmo para pesquisar formas de melhorar a comunicação interna. "É mais difícil e todos nós temos dificuldades em colaborar em um ambiente virtual. Mas, isso significa que começaremos a obrigar as pessoas a ir para o escritório assim que houver uma tendência para isso? Não", enfatizou Berg. "Sabemos o que acontece quando as pessoas se sentam e podem olhar nos olhos. É diferente de estar na tela", reconheceu a executiva.

Voltar ao escritório com um propósito, ou porque você quer

Apesar de adotar o modelo de trabalho distribuído, o Spotify mantém seus escritórios, embora, segundo a diretora de RH, a empresa esteja considerando reduzir seus investimentos imobiliários. Os funcionários do Spotify podem ir voluntariamente, se quiserem. "As pessoas que trabalham aqui tendem a amar música. Tentamos encontrar coisas que façam as pessoas quererem ir para o escritório, em vez de obrigá-las a fazer isso, e uma dessas coisas são os lounges de escuta com música ao vivo".

A única exigência de presencialidade que o Spotify impõe é uma semana por ano, quando pequenas equipes se reúnem pessoalmente para passar um tempo juntas. "Ao ter uma semana em que pequenas equipes viajam para se reunir, conseguimos energizar as pessoas e, ainda assim, ter um baixo impacto no clima. Tem funcionado muito bem", afirmou a responsável de recursos humanos.

Trabalho remoto apesar das demissões

Assim como muitas outras empresas de tecnologia, os funcionários do Spotify também enfrentaram a pressão das demissões em suas equipes. Em 2023, a empresa teve três ondas de demissões, sendo a última afetando 17% de sua força de trabalho. No entanto, fatores como a retenção de talentos ofereceram argumentos sólidos para que a empresa mantivesse seu compromisso com o trabalho remoto.

"Não foi agradável fazer isso, mas foi uma decisão comercial. Queríamos amadurecer e precisamos nos tornar um grande negócio, assim como um grande produto. Tivemos que nos despedir de pessoas que fizeram um trabalho excelente para nós", lembrou Katarina Berg.

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha

Imagem | Unsplash (Shutter Speed, Faizur Rehman)

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