Tarifas europeias sobre o carro elétrico chinês podem causar 1.500 demissões na Espanha

Fábrica da Seat em Martorell, na Catalunha, pode eliminar 1.500 empregos porque produzir o Cupra Tavascan está ficando inviável

Espanha pode perder 1.500 empregos por causa de tarifa da União Européia sobre a China / Imagens: Seat
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

A indústria automobilística europeia enfrenta um futuro incerto. No caminho complicado da eletrificação de seu portfólio, surgiram os obstáculos dos carros elétricos chineses e, agora, as ameaças tarifárias dos EUA.

Nesse cenário, a União Europeia impôs uma tarifa adicional de 20,7% sobre os veículos elétricos fabricados na China. A má notícia é que esse aumento não afetou apenas os carros de fabricantes chineses. A Seat foi pega no meio dessa regulamentação com o Cupra Tavascan.

O Cupra Tavascan dispara

O Cupra Tavascan foi o primeiro elétrico da marca "rebelde" da Seat. O modelo elétrico da Cupra é montado na fábrica que a Volkswagen possui em Hefei (China). Portanto, embora seja uma marca europeia, ele está sujeito às mesmas tarifas aplicadas às marcas chinesas.

Isso fez com que seu custo de produção, que já considerava uma tarifa de 10% previamente existente, ganhasse um adicional de 20,7%, imposto pela UE sobre os carros fabricados na China, medida que entrou em vigor no final de 2024. Isso eleva a carga tributária total para 30,7%, afetando gravemente a rentabilidade do modelo, cujo preço varia entre 41.000 e 53.000 euros (entre R$ 255 mil e R$ 330 mil).

1.500 empregos em jogo

O efeito dominó da queda na rentabilidade do modelo que deveria liderar a eletrificação da empresa fez com que a companhia repensasse sua estratégia, reduzindo a produção de carros em sua fábrica de Martorell, na Espanha.

Wayne Griffiths, CEO da Seat, afirmou à agência Reuters que, caso as tarifas sobre o Tavascan não sejam reduzidas até março de 2025, a empresa será obrigada a cortar 1.500 empregos diretos e até 10.000 indiretos ligados a fornecedores da fábrica catalã. Esse número é o dobro das estimativas iniciais dos sindicatos. Matías Carnero, presidente da UGT da Catalunha, declarou ao ElDiario.es que "entre 600 e 700 empregos estavam em risco" devido às tarifas.

As metas de emissões adicionam mais tensão

A situação da Seat se agrava com a necessidade de cumprir os objetivos de emissões de poluentes estabelecidos por Bruxelas. Essa diretiva obriga a Seat a reduzir a produção de veículos com motores a combustão e reconsiderar sua estratégia comercial, devido à inviabilidade econômica de seus modelos elétricos por causa das tarifas.

Diante desse cenário, a empresa está negociando com as autoridades europeias para flexibilizar a regulamentação de emissões, mitigar o impacto econômico e evitar maiores cortes de empregos. "Não temos muito tempo. Precisamos chegar a uma solução no primeiro trimestre", afirmou Griffiths à Reuters. "Não podemos resolver isso da noite para o dia", acrescentou o executivo da Seat, destacando que, para atender à regulamentação, a empresa precisaria desenvolver motores movidos a combustíveis sintéticos.

Mais um obstáculo no caminho

A Seat já não vinha registrando seus melhores números financeiros, portanto o impacto das tarifas não é o único desafio no horizonte. No terceiro trimestre de 2024, as vendas já haviam caído 4%, queda atribuída a fatores macroeconômicos, como a instabilidade global. A empresa já havia anunciado a redução de cerca de 90.000 unidades na fábrica de Martorell, o que representa um corte de 17% em sua produção.

A fábrica catalã é uma peça fundamental para a Seat, produzindo modelos como Cupra Formentor, León e Arona, além do Audi A1. Em seu relatório anual de 2023, a marca afirmou ter fabricado mais de 443.400 unidades nessa planta. No entanto, as dificuldades econômicas já levaram a Seat a aplicar diferentes rodadas de demissões desde 2022. Caso um acordo com a União Europeia não seja alcançado, os cortes continuarão.

Imagem | Seat

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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