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Universidade de Oxford cria película tão fina que transforma qualquer superfície em painel solar

  • O material possui uma eficiência energética certificada de 27%, mesmo patamar dos painéis solares convencionais

  • O segredo está em uma nova técnica para empilhar múltiplas camadas em uma única célula fotovoltaica

Pelicula
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Uma equipe de físicos da Universidade de Oxford desenvolveu uma película ultrafina capaz de converter a luz solar em uma quantidade impressionante de eletricidade. Essas películas, atualmente em fase de testes no Reino Unido, são feitas com um novo material chamado perovskita e sua espessura é apenas um décimo da de um fio de cabelo humano.

O material é tão fino e flexível que pode ser aplicado como revestimento em praticamente qualquer edifício ou objeto do cotidiano, como mochilas, tetos de carros e telefones celulares. Os criadores das películas acreditam que, um dia, elas  irão revestir todo tipo de edifícios e objetos, eliminando a necessidade dos painéis solares convencionais.

Em detalhes

Com uma espessura de pouco mais de um mícron, a nova película de perovskita foi desenvolvida pelo químico Shuaifeng Hu e seus colegas do Departamento de Física de Oxford. Ela é 150 vezes mais fina que uma pastilha de silício.

Para conseguir isso, os cientistas inventaram uma nova técnica que empilha múltiplas camadas do material (que absorve luz) em uma única célula fotovoltaica. Dessa forma, cada célula captura uma gama mais ampla do espectro luminoso.

Tão eficiente quanto os painéis atuais, porém mais fino

O que é realmente revolucionário nesse material ultrafino é que ele tem uma eficiência energética certificada de 27%. Isso o coloca abaixo das células de dupla junção perovskita-silício, atualmente em desenvolvimento na China, mas o torna equivalente aos melhores painéis solares convencionais de silício, que hoje já estão em muitas casas pelo mundo.

A certificação, esclarece Hu, foi concedida por uma entidade independente: o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Industrial Avançada do Japão (AIST). A expectativa é que a eficiência do material continue aumentando à medida que as técnicas de fabricação sejam aprimoradas.

"Em apenas cinco anos experimentando com nossa abordagem de empilhamento ou multijunção, aumentamos a eficiência de conversão de energia de 6% para mais de 27%, perto dos limites que as células fotovoltaicas de camada única podem alcançar hoje. Acreditamos que, com o tempo, essa abordagem pode permitir que os dispositivos fotovoltaicos alcancem eficiências muito maiores, acima de 45%."
Shuaifeng Hu, químico e um dos criadores da película

A comercialização começou

Os pesquisadores preveem que os revestimentos de perovskita sejam aplicados em uma gama muito mais ampla de superfícies do que os painéis solares convencionais. Acreditam também que, quando o material se popularizar, irá desestimular a instalação de painéis solares de autoconsumo e grandes fazendas solares — no lugar disso, serão favorecidos edifícios e objetos revestidos com o material.

E a película já está sendo vendida. A Oxford PV, uma empresa originada da Universidade de Oxford em 2010, iniciou a fabricação em grande escala de películas de perovskita com 24,5% de eficiência em sua fábrica em Brandemburgo, próxima a Berlim. É a primeira vez que esse tipo de painel solar é produzido em série.

Os desafios atuais da tecnologia são a durabilidade e o preço. A Oxford PV não divulga dados sobre o investimento publicamente, mas afirma que sua abordagem continuará reduzindo o custo da energia solar e a tornará a forma mais sustentável de energia renovável. Desde 2010, o custo médio global da eletricidade solar caiu 90%, tornando-se um terço mais barato do que a gerada a partir de combustíveis fósseis.

Esse texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha

Imagem | Universidad de Oxford

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