Ao ligar o gás, talvez saia algo mais: Pais Basco tentou injetar 20% de hidrogênio

  • O projeto H2Sarea da Nortegas testou a viabilidade dessa ideia, que ainda é ilegal, em uma réplica da rede.

  • Após mais de 12.000 horas de operação, não foram detectadas fugas nem falhas nos queimadores domésticos ou industriais.

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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

A aposta da Espanha no hidrogênio verde levanta uma pergunta: é possível injetá-lo na enorme rede de gás natural que já chega até nossas casas? O País Basco provou que sim.

Vamos entender melhor

Alinhada com os objetivos climáticos da União Europeia, a Espanha tem investido no setor emergente do hidrogênio verde para armazenar o excedente de energias renováveis e reduzir sua dependência de combustíveis fósseis como o metano, que emite dióxido de carbono.

O grande desafio do hidrogênio verde (aquele produzido por meio da eletrólise da água com energia solar ou eólica) é seu alto custo. Para torná-lo viável economicamente, as empresas de energia planejam aproveitar a infraestrutura já existente. A rede de gás natural na Espanha possui mais de 90.000 quilômetros de tubulações, o que permitiria uma distribuição ampla e eficiente sem a necessidade de construir novas infraestruturas.

O projeto H2Sarea e seu teste bem-sucedido

Liderado pela Nortegas, a segunda maior distribuidora de gás natural do país, o H2Sarea demonstrou com sucesso a viabilidade de injetar até 20% de hidrogênio verde na rede de gás.

A Nortegas construiu uma réplica da rede com materiais convencionais da infraestrutura de gás, incluindo equipamentos domésticos como medidor, caldeira e fogão. Após mais de 12.000 horas de operação, não foram detectadas fugas, falhas nos queimadores nem problemas nos 552 pontos de controle.

20% de hidrogênio

A conclusão do experimento é que a rede de gás natural continuaria funcionando perfeitamente com misturas de até 20% de hidrogênio, sem a necessidade de modificar os queimadores.

Outros estudos demonstraram a viabilidade de usar até 30% de hidrogênio em caldeiras e fornos industriais, grandes consumidores de gás natural.

O que se consegue com isso?

Dar uma saída para parte da produção de hidrogênio verde de forma mais econômica e eficiente. Embora ainda se continue queimando gás natural, essa mistura "de transição" reduziria em 7% as emissões de dióxido de carbono, 54% as emissões de monóxido de carbono e 53% as emissões de óxidos de nitrogênio.

"Esse feito demonstra que as redes atuais de gás natural estão preparadas para contribuir com a descarbonização por meio do uso de hidrogênio renovável misturado com gás natural", afirma a Nortegas.

Ainda não é dentro da lei

A legislação vigente não permite que se ultrapasse 5% de hidrogênio na rede de gás natural, mas resultados como os de Nortegas podem impulsionar mudanças regulatórias para permitir maiores porcentagens na mistura.

Na Espanha, a ilha de Mallorca começou a fazer isso com o projeto Green Hysland, que inclui um eletrolisador e um gasoduto de 3,2 km até um misturador em uma central de gás natural. Por enquanto, Mallorca injeta 2% de hidrogênio verde em sua rede de gás de 1.200 km.

Imagens | Pronor

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