Foi por volta de outubro que várias fontes oficiais sugeriram que o desembarque de tropas norte-coreanas em território russo para se juntar a Moscou era de proporções consideráveis. Também soubemos que as forças ucranianas estavam levando essa nova ameaça muito a sério, mas a abordagem era incomum: os soldados estavam aprendendo a língua coreana. Agora, em uma reviravolta diante do aumento de soldados de Pyongyang, a Ucrânia está propondo algo sem precedentes: uma "vida melhor".
O conflito se intensifica
O presidente ucraniano Volodymir Zelensky denunciou a implantação significativa de tropas norte-coreanas pela Rússia na região de Kursk, marcando uma nova escalada na guerra. De acordo com relatórios preliminares, as forças estão participando de ataques combinados com unidades russas, e seu número chega a 11 mil soldados na região.
Zelensky também alertou que essa estratégia poderia ser estendida a outras partes do fronte, chamando a intervenção norte-coreana de ato de internacionalização do conflito. Além disso, a região de Kursk, parcialmente ocupada pela Ucrânia desde agosto, tornou-se um ponto estratégico.
Papel da Coreia do Norte
As tropas norte-coreanas, de acordo com Andrii Kovalenko do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, estão sendo usadas em ataques frontais e operações de ocupação em áreas sob fogo ucraniano. A tática buscaria aproveitar a força numérica, embora as baixas entre as fileiras norte-coreanas tenham sido significativas, de acordo com relatórios de Kiev.
Como dissemos, Zelensky enfatizou que o envolvimento da Coreia do Norte representa uma escalada séria, levando a guerra a um nível que exige uma resposta global mais enérgica. A resposta ucraniana?
Renda-se por uma vida melhor
A Ucrânia aparentemente implantou uma campanha estratégica para persuadir os soldados norte-coreanos destacados a se renderem e desertarem. A iniciativa faz parte do programa "Quero Viver", originalmente projetado para facilitar a rendição de soldados russos e que agora é estendido aos combatentes norte-coreanos enviados por Pyongyang.
Como? Por meio de drones e até mesmo projéteis, a Ucrânia distribui folhetos, juntamente com uma série de vídeos com mensagens cuidadosamente elaboradas que apelam tanto às difíceis condições de vida na Coreia do Norte quanto ao desejo por uma vida melhor fora do regime. As mensagens prometem benefícios concretos e tratamento digno para aqueles que decidem se render.
Promessas
O programa oferece garantias de tratamento humano, incluindo acomodação confortável, refeições quentes e assistência para começar uma nova vida longe do controle do regime norte-coreano. Os folhetos que foram distribuídos também incluem instruções detalhadas sobre como se render e destacam que Kim Il Sung, fundador da Coreia do Norte, não teria aprovado seus soldados lutando pelos "imperialistas russos".
Além disso, há pelo menos um vídeo em coreano postado no Telegram mostrando um voluntário norte-coreano nas forças armadas da Ucrânia encorajando seus compatriotas a aproveitar esta oportunidade única de escapar do regime. De acordo com a Euronews, apesar da Rússia oferecer um pagamento mensal de 2 mil euros (12,6 mil reais) para cada soldado norte-coreano, a maior parte desse dinheiro provavelmente acabará nas mãos da elite governante em Pyongyang, deixando os soldados com pouco ou nada. Um detalhe que pode aumentar a receptividade dos militares à oferta ucraniana, especialmente se eles estiverem procurando ou hesitando em uma alternativa, é claro.
Perspectivas e geopolítica
Do jeito que está, o programa "Quero Viver" parece refletir a abordagem inovadora da Ucrânia para enfraquecer as fileiras inimigas, ao mesmo tempo em que oferece esperança aos soldados presos em regimes autoritários. Com uma combinação de mensagens claras e assistência prática, o projeto visa minar o apoio internacional à Rússia no conflito.
Tudo isso em um contexto de espera, já que o retorno de Trump à Casa Branca reacendeu as especulações sobre possíveis negociações de paz, embora Kiev continue a pressionar aliados ocidentais a fortalecer sua posição antes de qualquer diálogo. Na verdade, Zelensky não perde a oportunidade de pedir à Europa e à OTAN que aumentem o apoio militar e político à nação, uma questão que ele discutirá com os líderes europeus em uma reunião importante em Bruxelas.
Imagem | Roman Harak
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