Procurar deixou de ser “googlear”. O verbo, que antes soava bonito em conversas para quem queria parecer moderno, agora condena quem o usa a parecer um dinossauro da internet. Se você o utiliza, é um boomer. Já não se busca mais no Google, busca-se nas redes sociais. Que o diga a geração Z.
Como apontado no Huxiu (algo como o TechCrunch chinês), se os jovens chineses querem consertar uma tomada, eles buscam a informação no Xiaoshongshu, o Instagram chinês. Se precisam de recomendações de lugares para comer, vão ao Douyin (nome do TikTok na China continental e em Hong Kong). E, se querem analisar um documento, ignoram o Google, Gemini ou mesmo o ChatGPT, pois têm o Kimi, um chatbot da startup Moonshot AI, apoiada pelo Alibaba.
A geração Z chinesa já deu seu veredito: as redes sociais estão vencendo. A lista de hiperlinks morreu, pois, agora, os resultados precisam ser muito mais visuais: o vídeo curto é o que as pessoas esperam quando buscam algo.
O mesmo está acontecendo no resto do mundo
Como mostra o gráfico do eMarketer baseado em dados da consultoria GWI Core, os jovens estão usando cada vez mais as redes sociais como buscadores. Em 2016, 41% dos membros da geração Z faziam isso. Em 2023, esse percentual subiu para 51% e a tendência de alta é clara.
A razão, segundo os dados, é que as redes sociais os ajudam a obter a informação que desejam mais rapidamente. Não só isso: esses resultados parecem mais relevantes, mais visuais e mais divertidos. Os buscadores tradicionais são — aos olhos da geração Z — lentos e chatos.
No Huxiu, outra possível razão para essa preferência pelas redes sociais é apontada: elas são mais práticas porque foram criadas especificamente para serem usadas em dispositivos móveis, onde o Google — cada vez mais criticado — e sua interface não são tão convenientes.
E, ainda por cima, há a questão da publicidade. No Baidu, os jovens reclamam que não há muita informação útil apresentada como resultado da busca na tela do celular. A publicidade geralmente faz com que esses resultados válidos fiquem ainda mais fora do alcance rápido do usuário, e o mesmo acontece no Google. O buscador tradicional tem mais respiro na versão desktop, mas é fato que, entre links patrocinados e anúncios, fica mais difícil chegar ao que se quer.
Quando "googlear" estava na moda
Para aqueles de nós que já temos cabelos brancos, isso pode ser uma surpresa. O Oxford English Dictionary incluiu "google" como verbo em junho de 2006. Durante anos, o domínio do Google no mercado de buscas foi absoluto e, embora ele continue sendo o buscador com a maior participação de mercado, seus rivais não são mais outros buscadores, como Bing, Yahoo e DuckDuckGo: são as redes sociais.
TikTok, me recomende um bom restaurante
Estudos recentes que se concentram na geração Z comprovam isso. Na Fortune, por exemplo, um estudo da consultoria Bernstein Research destaca que "as jovens audiências estão 'buscando', não 'googleando'". E, cada vez mais, se voltam para redes sociais como TikTok para recomendações de restaurantes, vão diretamente a agregadores como Amazon para compras e utilizam buscadores de IA generativa como ChatGPT para fazer suas tarefas escolares.
Duas mil pessoas nos Estados Unidos participaram de uma pesquisa da Forbes Advisor e da Talker Research em abril de 2024. As conclusões foram claras: 45% dos entrevistados da geração Z são mais propensos a usar a "busca social" em sites como TikTok ou Instagram em vez de no Google. No caso dos millennials, o percentual cai para 35%, na geração X é de 20% e, entre os boomers, é de 10%. Como revelou Mark Shmulik, da Bernstein Research, "a segunda natureza desses usuários [da geração Z] é ir diretamente à fonte".
O futuro do Google parece, portanto, estar ameaçado. Já era notícia que os usuários estavam começando a recorrer ao ChatGPT e outros chatbots como substitutos do Google para buscar respostas para suas perguntas. Agora, entretanto, a competição também está nas redes sociais.
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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