Essa síndrome pode explicar porque você fica tanto tempo sonhando acordado

  • A síndrome de desconexão cognitiva é um subtipo do TDAH que afeta a capacidade de concentração e a velocidade no processamento de ideias.

  • Estima-se que entre 80 e 200 milhões de pessoas no mundo sofram com essa condição, embora a maioria delas não receba um diagnóstico adequado.

Imagem | Unsplash (Lucia Macedo)
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Embora todos sonhemos acordados de vez em quando — e, na verdade, alguns estudos até recomendem "dar um respiro" ao cérebro para se recuperar —, algumas pessoas perdem a concentração com tanta frequência que isso interfere em sua vida cotidiana, tornando-se um problema sério. O problema é tão significativo que foi classificado como um síndrome.

Esse fenômeno, conhecido como síndrome de desconexão cognitiva (SDC), foi identificado por psicólogos nas décadas de 1960 e 1970 e vai muito além de um simples momento de distração.

Pesquisadores de várias universidades dos EUA chegaram a um consenso sobre a terminologia para descrever o SDC. Sofrer com essa condição vai além de ter episódios de devaneios mentais ocasionais: ela afeta a capacidade de concentração e prejudica o desempenho em várias áreas da vida, como estudos, trabalho e até nas relações pessoais.

De acordo com os pesquisadores, o SDC não deve ser confundido com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), embora compartilhe certos sintomas, como a dificuldade de manter o foco em uma tarefa por longos períodos. Essa semelhança fez com que, por muitos anos, o SDC fosse considerado um subtipo de TDAH.

No entanto, ao contrário do TDAH, a síndrome de desconexão cognitiva não inclui características de hiperatividade ou impulsividade.

Na verdade, é o oposto: o SDC é marcado por um "ritmo cognitivo lento", que se manifesta como um transtorno de atenção episódico, dificultando a concentração e a resposta rápida a estímulos externos.

O SDC ainda não foi oficialmente reconhecido como um transtorno no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), o que torna seu diagnóstico e tratamento mais desafiadores. A falta de um diagnóstico adequado pode ter um impacto significativo nas trajetórias educacionais e profissionais das pessoas que sofrem com a condição.

Identificar o SDC: os sintomas menos visíveis

Identificar o SDC pode ser desafiador, já que ainda não existem critérios formais para seu diagnóstico. No entanto, psicólogos da Universidade de Cincinnati observaram certos padrões de comportamento em crianças com esse síndrome, incluindo devaneios frequentes, confusão mental e lentidão para resolver tarefas.

Outro estudo conjunto da Universidade de Washington e da Universidade das Ilhas Baleares revelou que, durante o período escolar, este síndrome é mais fácil de identificar por pais e professores, devido ao ritmo de aprendizado mais lento.

As pesquisas mostraram que a demora em resolver tarefas não está relacionada à falta de inteligência ou esforço, mas sim à necessidade de mais tempo para que o cérebro processe as informações.

O impacto na vida cotidiana: mais do que "preguiça"

É justamente a falta de conhecimento sobre a síndrome de desconexão cognitiva que frequentemente leva a sua confusão com preguiça ou desinteresse pelas tarefas. Essa percepção equivocada pode ser um grande obstáculo para que as pessoas afetadas recebam a atenção necessária.

Estima-se que 40% dos pacientes diagnosticados com TDAH também possam sofrer de SDC. Considerando que entre 2% e 7% da população mundial apresenta algum tipo de TDAH, o síndrome de desconexão cognitiva estaria impactando entre 80 e 200 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo especialistas da Additude. Muitos desses indivíduos nem sequer têm um diagnóstico que explique por que enfrentam tanta dificuldade em se concentrar.

Para as pessoas com SDC, o simples ato de prestar atenção a uma tarefa pode ser um verdadeiro desafio.

Enquanto no TDAH o principal problema está na dificuldade de manter o foco, no SDC isso se manifesta como uma incapacidade de se concentrar, transformando atividades cotidianas, como trabalho ou estudo, em experiências frustrantes e exaustivas.

As abordagens para tratar esse síndrome têm muitos pontos em comum com o TDAH, incluindo terapias cognitivo-comportamentais que exercitam a atenção plena para melhorar a concentração e o uso de medicamentos estimulantes, embora a evidência nesse aspecto ainda não seja conclusiva.

Imagem| Unsplash (Lucia Macedo)

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