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Agora pode pintar de azul: McDonald's do Japão libera cabelos coloridos para enfrentar crise da falta de mão de obra no país

Após teste positivo em loja de Osaka, rede de fast-food muda regra e segue tendência do país de abdicar de normas rígidas para atrair novos empregados

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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

A crise populacional no Japão está causando mudanças no mercado de trabalho. Com regras rígidas de comportamento e visual, as empresas nipônicas têm enfrentado dificuldades na hora de contratar novos funcionários. Isso chegou até ao McDonald’s, rede de fast food norte-americana. Para resolver o problema, ela anunciou em setembro que irá suspender uma regra aplicada a todos que se candidatam a vagas de trabalho. Agora a cor do cabelo não será mais levada em consideração para aprovar ou reprovar um candidato no processo seletivo. A nova política já havia sido introduzida a título experimental numa loja de Osaka e teve resultados positivos, com o restaurante reportando um aumento de três vezes no número de novos funcionários em abril em comparação com o ano anterior.

O motivo da decisão é simples: a rede espera atrair mais trabalhadores em meio à escassez de mão de obra. O Japão passa por uma crise grave de falta de trabalhadores devido ao declínio populacional do país, que passou de 128,1 milhões de habitantes em 2010 (o auge) para 837 mil pessoas em 2023. Além disso, a força de trabalho que existe está rapidamente diminuindo, envelhecendo e deixando o mercado sem que existam jovens suficientes para substituí-la.

De acordo com as estimativas atuais, mais de 28% da população tem mais de 65 anos, o que representa uma pressão extra para o governo do país. Setores-chave da economia, como a indústria transformadora e a construção civil, enfrentam um declínio que não para. Já o setor de cuidados para idosos vive uma crise em que a procura por trabalhadores é maior do que a oferta disponível.

Até o anúncio dessa nova decisão, as unidades japonesas da rede de fast-food exigiam que os cabelos dos funcionários tivessem a cor natural. Pode parecer chocante, mas essa e outras regras sobre aparência física fazem parte da cultura japonesa em muitos ambientes de trabalho, principalmente em relação aos cabelos.

Padrões japoneses

No caso dos homens, geralmente é exigido ou recomendado que tenham cabelos curtos, bem penteados e sem estilos extravagantes, enquanto as mulheres costumam ser incentivadas a usar penteados simples, sem cores chamativas ou cortes fora do normal. Em alguns setores mais tradicionais, como o financeiro ou as grandes empresas, as expectativas são ainda mais rigorosas.

Por exemplo, cabelos tingidos, especialmente em cores não naturais como vermelho, azul ou similares, podem ser altamente reprovados. Alguns lugares podem até mesmo exigir que os funcionários usem sua cor natural de cabelo, como era o caso do McDonald’s. Esse padrão só muda em empresas mais modernas, como as de tecnologia, que costumam ter regras mais flexíveis.

Agora, as empresas têm abdicado de algumas regras para se tornarem mais atrativas aos novos trabalhadores. O próprio McDonald's já havia mudado sua política de aparência em agosto de 2021, quando passou a permitir que os funcionários deixassem a barba crescer, o que levava em conta diversos motivos na equação, inclusive a religião.

Imagem | istolethetv, Eliazar Parra Cardenas

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