Em agosto, um comunicado oficial causou estranheza na imprensa colombiana. O título: "A Federação Colombiana de Basquete desmente a derrota da seleção por 102 pontos contra uma equipe russa". Aparentemente, houve um jogo de basquete entre Colômbia e Rússia e, agora, o governo colombiano estava desmentindo a derrota — mais do que isso, estava afirmando que nenhuma seleção do país havia participado do torneio. Mas, então, quem diabos foi jogar contra a Rússia?
Antes de contarmos o que aconteceu, vale um pouco de contexto. Após o início da guerra na Ucrânia, a Rússia foi vetada de participar da maioria dos eventos esportivos de caráter internacional. Devido a isso, o país decidiu montar seu próprio torneio de basquete.
A Copa Amizade, como foi chamada, foi organizada na cidade de Perm e tinha quatro times na disputa: uma seleção dos melhores jogadores amadores de Perm e as seleções convidadas de Venezuela, Rússia e Colômbia. Tudo custeado e pago (incluindo deslocamentos e hotéis) pela federação de basquete russa.
A partida
Tudo ia mais ou menos bem até que se enfrentaram as seleções de Perm e Colômbia. Após o término do segundo quarto, os colombianos tinham apenas dois pontos, enquanto os locais somavam 41. Ao final do jogo, a Colômbia havia perdido por 102 pontos (155-53).
Conforme explicou o jogador local Samson Ruzhentsev em entrevista à ESPN, "nos vídeos da seleção colombiana, tínhamos visto uma composição de time ligeiramente diferente. Em minha carreira, nunca ganhei um jogo com 100 pontos de diferença", contou ele após a vitória.
Até o presidente da federação russa, Andrei Kirilenko, causou polêmica com as seguintes declarações: "Após o primeiro jogo, entendemos que o nível atual da seleção colombiana está abaixo do esperado, o que nos causa certa decepção. Nesse sentido, já revisamos o calendário e o formato do torneio para garantir uma competição mais equilibrada e competitiva".
Comunicado oficial da Colômbia
Horas após o resultado avassalador, a federação colombiana divulgou seu comunicado oficial. “A Federação Colombiana de Basquete nunca recebeu um convite oficial para participar da Copa da Amizade e não autorizou nenhum clube ou escola de formação do país a participar. Tomaremos medidas legais pelo uso indevido de nossa imagem sem autorização prévia”, dizia o texto.
Diante de tal afirmação, Kirilenko saiu em defesa do torneio. “Gostaríamos de destacar que todas as nossas interações com a seleção colombiana foram realizadas exclusivamente por meio de canais de comunicação oficiais. Nossa posição continua sendo a mesma: todas as comunicações e coordenações são realizadas apenas através de fontes verificadas e oficiais”, disse o ex-jogador da NBA à ESPN.
O hacker
Por trás de toda essa história, há um nome: Christian David Mosquera Durán, um estudante colombiano de 25 anos que vive na Rússia. O jovem planejou todo o processo de inscrição hackeando o e-mail da federação de basquete colombiana para que “entrasse em contato” com o torneio russo. Assim, ele e seus amigos formaram uma seleção amadora e fingiram ser o time real.
Christian, que já jogou na terceira divisão (a mais baixa) de uma liga local de basquete 3x3 em Kazan, negociou ele mesmo as condições com os executivos russos para que pagassem as passagens e o hotel para o “time”. Após a primeira partida, ao perceber a desigualdade que havia, o torneio cancelou o segundo jogo da seleção colombiana, que seria com a seleção da Rússia.
O que não dá para entender é como os organizadores locais não se preocuparam em verificar os jogadores da lista que o jovem enviou e simplesmente aceitaram o "time" falso como um plantel oficial.
Este texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha
Imagem | Niek van Son
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