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China está se infiltrando na Europa por meio dos carros baratos; a solução da Renault: voltar ao diesel

Em alguns mercados, a marca voltou a vender o Renault Mégane com motor diesel

Renault Mégane com motor diesel vira carta na manga da montadora em países com pouca adoção dos elétricos / Imagem: Renault
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Os carros chineses chegaram à Europa com a clara intenção de conquistar uma fatia significativa do mercado de carros elétricos. Neste momento, a BYD está em busca de uma terceira fábrica para produzir seus futuros modelos, o Grupo SAIC tem uma boa carta na manga com a MG e empresas independentes como XPeng e NIO também tentam conquistar seu espaço.

Mas, na verdade, se há um mercado em que o carro chinês conseguiu se firmar, é o dos carros baratos. Era um segmento com espaço: na Europa, a maioria das fabricantes virou as costas para os veículos mais baratos e até a Dacia se justificou alegando que as exigências da União Europeia a obrigaram a elevar o preço de seus carros, o que impede que seja tão competitiva quanto antes.

A isso se soma o fato de que os veículos chineses com motores a combustão não são afetados pelas tarifas alfandegárias, diferentemente dos elétricos, o que lhes permite (ainda mais) jogar com os preços das montadoras europeias para ganhar participação de mercado, construir uma base de clientes e, mais adiante, ir crescendo pouco a pouco.

E para enfrentar isso, a Renault optou por uma estratégia diferente: oferecer um tipo de motor claramente em declínio, mas que permite competir em preço e que, além disso, conta com cada vez menos concorrência no mercado.

Sim, em alguns mercados, a marca voltou a vender o Renault Mégane com motor diesel.

Um motor diesel como alternativa

Entre as montadoras europeias que mais pressionaram nos últimos meses para manter vivos os motores a combustão, a Renault assumiu a liderança. A empresa criou a Horse, uma joint venture com a gigante chinesa Geely para continuar desenvolvendo motores movidos por combustíveis fósseis. A montadora, além de apostar fortemente nos elétricos, também deixou claro que acredita em um futuro em que híbridos e elétricos convivam em harmonia com motores puramente a combustão, se for o caso.

Com isso em mente, lançaram o Renault 5 elétrico e, em breve, veremos nas ruas o novo Renault 4 elétrico. Nos últimos tempos, a linha foi profundamente renovada com o Renault Austral, o Rafale e uma atualização que transformou o Scenic em um carro totalmente elétrico.

Essa renovação teve suas consequências. Modelos clássicos como o Mégane se despediram porque, mais uma vez, agora só têm versão elétrica. Será mesmo? Em mercados onde a Renault precisa oferecer carros com preços mais acessíveis, ela ainda mantém o Mégane Grand Coupé, uma opção de três volumes do clássico compacto.

E, além disso, o faz com uma motorização diesel. Em países como Polônia ou República Tcheca, onde os elétricos são praticamente simbólicos e o diesel ainda representa uma parte importante das vendas, os franceses têm clareza de que essa motorização continua sendo indispensável.

Foi na Polônia, inclusive, que a empresa resgatou esse carro para colocá-lo novamente nas ruas, no formato já mencionado, junto com um motor 1.5 dCi de 115 cv, segundo informa o Auto Swiat. Nesse mercado, a oferta de modelos a diesel está diminuindo, e trata-se de uma boa oportunidade para competir com um carro que já recebeu investimento, é barato de colocar no mercado e, além disso, possui uma tecnologia que os fabricantes chineses não têm.

Segundo dados da ACEA, embora as vendas de veículos a diesel tenham caído na Polônia, em janeiro deste ano elas ainda representavam 8,3% da fatia de mercado, enquanto os elétricos e híbridos plug-in mal chegavam a 6%. Na República Tcheca, a decisão faz ainda mais sentido, pois a participação do diesel no mercado é de impressionantes 19,4%. E os veículos sem nenhum tipo de eletrificação somam 67,8% do total das vendas.

De toda forma, é preciso lembrar que as normas de emissões da União Europeia continuam avançando e, embora tenham sido adiadas de 2025 para 2027, este último ano segue marcado em vermelho no calendário, pois a média de emissões dos veículos vendidos nesses três próximos anos deve estar abaixo de 93,6 g/km de CO2.

Isso significa que, com um carro como este, cujo motor tem emissão homologada de 118 g/km de CO2, seria necessário vender 1,5 veículo elétrico para compensar. Ou um elétrico e um híbrido plug-in. Mais um motivo para entender por que a Renault só aposta nesse tipo de motorização nas praças onde precisa oferecer carros mais baratos e onde a eletrificação avança em ritmo muito lento.

Imagem | Renault

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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