Há décadas estamos criando motores a combustão mais eficientes, mas sempre com os mesmos princípios básicos. Agora, uma startup espanhola tem uma ideia radicalmente diferente: um motor projetado do zero para os híbridos do futuro. Ele se chama e-REX e já chamou a atenção de dois gigantes: Renault e Geely.
E agora começam os testes para ver se o prometido "motor revolucionário espanhol" se tornará o coração dos novos carros eletrificados.
O e-REX
Juan Garrido Requena é engenheiro e cofundador da INNengine. Em 2020, ele postou em seu canal no YouTube um vídeo com um título chamativo: "e-REX: o verdadeiro motor para autonomia estendida". Nele, ele compartilhava sua visão para a criação de um motor a combustão que revolucionaria a mobilidade híbrida.
Um motor assim deveria ser compacto, leve, sem vibrações ou ruídos notáveis e, além disso, eficiente. O e-REX atendia a essas condições e Garrido afirmava que era o primeiro projetado especificamente para os carros do futuro, já que os motores dos híbridos de então, e os de agora, eram modificações de motores de combustão tradicionais.
A chave do e-REX não está apenas em seu tamanho e peso de cerca de 35 quilos, mas na potência. É um motor de um tempo que, segundo Garrido, é duas vezes mais potente que um motor de dois tempos e quatro vezes mais potente que um de quatro tempos. O consumo é baixo, assim como as emissões de CO₂ e NOx, e ele é comparável em potência a um motor de quatro tempos de 2.000 cc.
Seu design de pistões opostos e um sistema de relação de compressão variável são o que permitem que ele se adapte a diferentes necessidades (potência ou eficiência) e eliminam as vibrações, pois a força dos pistões é compensada de forma natural.
Híbridos de autonomia estendida
Este motor não foi projetado, aparentemente, para substituir os motores de combustão atuais, pois Juan Garrido se refere à sua criação como algo que definirá o futuro de algo mais específico: os veículos de autonomia estendida.
Esses veículos são como híbridos, mas ao contrário: em vez de ter um motor principal a combustão com o apoio de um motor elétrico, o motor elétrico é o principal, e o motor a combustão serve para alimentar um gerador, que fornece energia ao motor elétrico para mover as rodas. Em resumo: o motor a combustão passa a ser a “bateria” do motor elétrico, que também possui uma bateria de onde pode tirar energia. É um elétrico na teoria, mas um híbrido na prática.
Horse entra na equação
Esses veículos de autonomia estendida não eram os híbridos mais populares há cinco anos. Também não são agora, mas as coisas podem mudar graças à entrada de um gigante na jogada. A Horse é uma joint venture, ou seja, uma empresa criada por duas ou mais grandes corporações que unem forças para alcançar um objetivo comum.
Neste caso, as duas grandes empresas são Renault (com 45%), Geely (outros 45%) e Aramco (os 10% restantes). Entre os objetivos da empresa está o desenvolvimento de novos motores híbridos, baterias e outros elementos para os veículos do futuro. Eles têm fábricas em várias partes do mundo, sendo a Espanha uma delas e berço do motor do Renault Rafale E-Tech Hybrid, por exemplo.

Na busca por motores de nova geração, a Horse começou este ano a produzir novos motores de 49 kW capazes de alimentar carros híbridos a velocidades de até 130 km/h. Agora, ela vai testar os e-REX da INNengine. Em um comunicado, ambas as empresas confirmaram um acordo para testar dois protótipos do e-REX.
Esses testes serão realizados no laboratório do departamento de Mobilidade Limpa e Termofluidos da Universidade Politécnica de Valência, e serão esses resultados que serão utilizados para avaliar se o grupo vai licenciar exclusivamente a tecnologia da INNengine. Se isso acontecer, o próximo passo será a produção em massa.
Julien Faure é o Diretor de Tecnologia da Horse e comentou que a tecnologia e arquitetura "revolucionária poderiam mudar completamente a dinâmica da tecnologia de combustão, com implicações para a indústria automotiva, a náutica, a aviação, os drones e a geração de energia". Faure garante que esses testes "potencialmente são de uma importância histórica".
Por sua vez, Roberto Leandro, Diretor Executivo da INNengine, afirma que a colaboração é mais do que um marco: "um passo audacioso em direção a um futuro mais sustentável". Está claro que é preciso ficar de olho nesse motor espanhol que, se passar nesses testes, pode ser um impulso importante para os carros eletrificados enquanto continuamos esperando pelas baterias de estado sólido.
Imagens | INNengine
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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