Melhor sabor/odor e motivos de saúde. Essas são as duas principais razões pelas quais as pessoas bebem água engarrafada, de acordo com um estudo da Universitat Autónoma de Barcelona. Pesquisadores da Universidade de Columbia analisaram três marcas populares de água engarrafada nos EUA (cujos nomes não foram divulgados) em busca de micro e nanoplásticos. Para isso, utilizaram uma nova técnica chamada microscopia de dispersão estimulada Raman, baseada em sondar as amostras com dois lasers simultâneos sintonizados para fazer ressoar moléculas específicas.
Analisando sete plásticos comuns, os pesquisadores desenvolveram um algoritmo para interpretar os resultados. De acordo com Wei Min, co-inventor da técnica e coautor do estudo, "uma coisa é detectar e outra saber o que você está detectando".
As descobertas
Em média, o estudo descobriu que um litro de água engarrafada contém 240.000 fragmentos de plástico detectáveis, entre dez e 100 vezes mais do que as estimativas anteriores. Os pesquisadores afirmam que encontraram entre 110.000 e 370.000 fragmentos de plástico em cada litro, dos quais 90% eram nanoplásticos. Nesse sentido, é importante lembrar a diferença entre micro e nanoplásticos:
- Microplásticos: aqueles cujo tamanho varia entre 100 nanômetros e cinco milímetros
- Nanoplásticos: aqueles cujo tamanho é igual ou inferior a 100 nanômetros
Os plásticos mais frequentes
Para surpresa de ninguém, um dos plásticos mais comuns era o polietileno tereftalato, mais conhecido como PET. É o material de muitas garrafas. "Provavelmente é introduzido na água ao se soltarem pedaços quando a garrafa é apertada ou exposta ao calor", afirmam os pesquisadores, que citam outro estudo que sugere que pedaços de PET também podem se soltar ao abrir e fechar repetidamente a tampa.
Embora a presença de PET seja comum, esse plástico é superado pela poliamida, um tipo de náilon que "provavelmente vem dos filtros de plástico usados para supostamente purificar a água antes de ser engarrafada", afirma Beizhan Yan, pesquisador do estudo. Outros plásticos comuns encontrados pelos pesquisadores foram o poliestireno, o cloreto de polivinila e o polimetacrilato de metila.
A técnica utilizada contempla os sete plásticos mais comuns, mas há muitos outros. Segundo a Universidade de Columbia, "os sete tipos de plástico que os pesquisadores buscaram representavam apenas cerca de 10% de todas as nanopartículas encontradas nas amostras; eles não têm ideia do que são o resto. Se todos forem nanoplásticos, podem ser dezenas de milhões por litro".
Na Espanha, um estudo similar realizado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona com 20 marcas observou que, em média, um litro de água engarrafada contém 359 nanogramas de micro e nanoplásticos, uma quantidade comparável à obtida na água da torneira, que foi encontrada em um estudo anterior realizado pelo mesmo grupo. "A principal diferença que encontramos é o tipo de polímero: na água da torneira encontramos mais polietileno e polipropileno, enquanto na água engarrafada detectamos principalmente polietileno tereftalato (PET), embora também polietileno", afirmava Cristina Villanueva, pesquisadora do ISGlobal e autora do estudo.
Imagens | Jonathan Chng em Unsplash
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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