Em junho de 2021, Nayib Bukele, presidente de El Salvador, propôs uma opção única: tornar o bitcoin uma moeda de curso legal em seu país. A Lei do Bitcoin foi aprovada logo depois, em setembro, mas em meio a polêmicas e incertezas. Agora, três anos e meio depois, Bukele foi forçado a recuar.
Bitcoin não é mais moeda corrente em El Salvador
Como apontado no El País, o Parlamento salvadorenho aprovou uma reforma na Lei do Bitcoin e faz com que ele não seja mais considerado moeda oficial. Ele pode continuar a ser usado livremente pelos usuários, mas a ambição de Bukele nessa área fica truncada.
Pressão do FMI
O motivo da decisão é simples. O Fundo Monetário Internacional (FMI) pressionava El Salvador há dois anos e o instava a "mitigar os riscos do bitcoin". O país presidido por Bukele precisava urgentemente de um crédito de US$ 1,4 bilhão (R$ 8,06 bilhões), mas teve que ceder nessa reforma.
Bitcoin volta ao segundo plano
Com essa medida, o bitcoin deixa de ser considerado moeda corrente e, por exemplo, não pode ser usado para pagar impostos. Sua adoção e aceitação passam de compulsórias a voluntárias.

Nunca se concretizou
Quase não há dados sobre a iniciativa de Bukele, que foi o único que, com seu perfil ativo em redes sociais como Twitter/X, falou do sucesso teórico de sua medida. Durante sua aprovação, houve protestos de cidadãos, e os dados sugerem que seu uso foi reduzido.
Chivo Wallet
A polêmica carteira digital criada pelo governo tentou impulsionar o uso do bitcoin com uma medida promocional singular: US$ 30 (cerca de R$ 172) foram doados a cada pessoa que a instalasse. Empresas e instituições públicas foram obrigadas a aceitar pagamento em bitcoin. Apesar de tudo isso, a aceitação dos cidadãos sempre foi muito limitada e em meados de 2022 a queda do bitcoin foi forte especialmente para El Salvador, que estava à beira da falência. Em 2024, apenas 8,1% da população reconheceu ter usado a ferramenta, segundo o El País. Uma vulnerabilidade na Chivo Wallet também causou um roubo no valor de US$ 840 mil, ou R$ 4,83 milhões.
Críticas e reclamações
A mídia salvadorenha indica como a maioria dos salvadorenhos não usava bitcoin para fazer transações "e mais de 70% responderam que isso não beneficiava sua economia em uma pesquisa". Também se fala em corrupção na adoção do bitcoin, com duplicação ou falsificação de identidades para arrecadar o pagamento de inscrição ou violação de leis internacionais contra lavagem de dinheiro, segundo o El País.
Bukele quase não comentou
O presidente de El Salvador é muito ativo no X, mas não comentou sobre o assunto. O que ele fez foi comentar sobre a condenação por corrupção do senador americano Bob Menendez, que se opôs à adoção do bitcoin como moeda legal em El Salvador. Apenas uma breve mensagem no X da Assembleia Legislativa de El Salvador confirmou a modificação da Lei do Bitcoin.
Falta de transparência
Como apontado no El País, a opacidade e a falta de transparência em relação à iniciativa têm sido notáveis. Não havia informações oficiais até recentemente, quando o governo salvadorenho lançou um site chamado Bitcoin Office. De acordo com o site, El Salvador tem 6.049,18 BTC, equivalente a mais de R$ 3 bilhões.
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