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Bukele oficializou bitcoin como moeda legal em El Salvador; agora ele voltou atrás

  • A adoção da criptomoeda gerou grande polêmica e rejeição, apesar do impulso do presidente salvadorenho

  • Governo local cede à pressão do FMI para poder acessar um crédito de US$ 1,4 bilhão

Bukele precisou recuar de decisão em favor do Bitcoin
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Em junho de 2021, Nayib Bukele, presidente de El Salvador, propôs uma opção única: tornar o bitcoin uma moeda de curso legal em seu país. A Lei do Bitcoin foi aprovada logo depois, em setembro, mas em meio a polêmicas e incertezas. Agora, três anos e meio depois, Bukele foi forçado a recuar.

Bitcoin não é mais moeda corrente em El Salvador

Como apontado no El País, o Parlamento salvadorenho aprovou uma reforma na Lei do Bitcoin e faz com que ele não seja mais considerado moeda oficial. Ele pode continuar a ser usado livremente pelos usuários, mas a ambição de Bukele nessa área fica truncada.

Pressão do FMI

O motivo da decisão é simples. O Fundo Monetário Internacional (FMI) pressionava El Salvador há dois anos e o instava a "mitigar os riscos do bitcoin". O país presidido por Bukele precisava urgentemente de um crédito de US$ 1,4 bilhão (R$ 8,06 bilhões), mas teve que ceder nessa reforma.

Bitcoin volta ao segundo plano

Com essa medida, o bitcoin deixa de ser considerado moeda corrente e, por exemplo, não pode ser usado para pagar impostos. Sua adoção e aceitação passam de compulsórias a voluntárias.

Original

Nunca se concretizou

Quase não há dados sobre a iniciativa de Bukele, que foi o único que, com seu perfil ativo em redes sociais como Twitter/X, falou do sucesso teórico de sua medida. Durante sua aprovação, houve protestos de cidadãos, e os dados sugerem que seu uso foi reduzido.

Chivo Wallet

A polêmica carteira digital criada pelo governo tentou impulsionar o uso do bitcoin com uma medida promocional singular: US$ 30 (cerca de R$ 172) foram doados a cada pessoa que a instalasse. Empresas e instituições públicas foram obrigadas a aceitar pagamento em bitcoin. Apesar de tudo isso, a aceitação dos cidadãos sempre foi muito limitada e em meados de 2022 a queda do bitcoin foi forte especialmente para El Salvador, que estava à beira da falência. Em 2024, apenas 8,1% da população reconheceu ter usado a ferramenta, segundo o El País. Uma vulnerabilidade na Chivo Wallet também causou um roubo no valor de US$ 840 mil, ou R$ 4,83 milhões.

Críticas e reclamações

A mídia salvadorenha indica como a maioria dos salvadorenhos não usava bitcoin para fazer transações "e mais de 70% responderam que isso não beneficiava sua economia em uma pesquisa". Também se fala em corrupção na adoção do bitcoin, com duplicação ou falsificação de identidades para arrecadar o pagamento de inscrição ou violação de leis internacionais contra lavagem de dinheiro, segundo o El País.

Bukele quase não comentou

O presidente de El Salvador é muito ativo no X, mas não comentou sobre o assunto. O que ele fez foi comentar sobre a condenação por corrupção do senador americano Bob Menendez, que se opôs à adoção do bitcoin como moeda legal em El Salvador. Apenas uma breve mensagem no X da Assembleia Legislativa de El Salvador confirmou a modificação da Lei do Bitcoin.

Falta de transparência

Como apontado no El País, a opacidade e a falta de transparência em relação à iniciativa têm sido notáveis. Não havia informações oficiais até recentemente, quando o governo salvadorenho lançou um site chamado Bitcoin Office. De acordo com o site, El Salvador tem 6.049,18 BTC, equivalente a mais de R$ 3 bilhões.

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