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Má notícia para os fabricantes europeus: a China está prestes a atingir outro marco com o carro elétrico em 2025

  • Os dados levantados pelo Financial Times indicam que este será o primeiro ano em que as vendas de veículos elétricos superarão as de carros com motores a combustão.

  • O governo chinês voltou a intervir neste ano para impulsionar ainda mais as vendas e acelerar a transição para a eletrificação.

Futuros carros elétricos chineses. Imagem: Xiaomi
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

A China se tornou o maior mercado de automóveis elétricos do mundo. Em poucos anos, o gigante asiático conseguiu se posicionar como o país onde mais se vendem carros elétricos. O crescimento tem sido tão acelerado que os analistas já preveem um marco histórico para 2025: a venda de veículos elétricos superará a de carros com motores a combustão.

Essa é a projeção apresentada pelo Financial Times, que aponta que, em 2025, a China deve vender cerca de 12 milhões de carros elétricos. Para se ter uma ideia da escala desse crescimento, em 2022 foram vendidos 5,9 milhões de veículos elétricos no país – ou seja, o volume deve dobrar em apenas três anos.

Essas previsões são baseadas em dados de quatro bancos de investimento e grupos de pesquisa e consideram apenas os carros totalmente elétricos (battery electric vehicles).

Esse ponto é relevante porque, na China, veículos elétricos e híbridos plug-in são agrupados na mesma categoria, chamada veículos de nova energia. No entanto, o Financial Times destaca que, em 2025, as vendas de carros elétricos devem superar, sozinhas, a soma de todas as tecnologias que ainda utilizam motores a combustão.

Um avanço constante no maior mercado do mundo

Para entender a dimensão de vender 12 milhões de carros elétricos em um único ano, basta comparar com os números da Europa. Entre janeiro e novembro de 2024 (dados mais recentes da ACEA), foram vendidos 9.726.049 automóveis no continente, considerando todas as tecnologias. Já os veículos 100% elétricos somaram 1.303.686 unidades, representando 13,4% das vendas totais.

Impulsionadas pelos subsídios estatais, as vendas de carros elétricos na China não pararam de crescer nos últimos anos. No entanto, esse crescimento desacelerou em 2024, levando o governo a reforçar os incentivos para estimular ainda mais a demanda.

Enquanto os elétricos continuam em alta, os carros a combustão estão em queda livre. Segundo o Financial Times, as vendas desses veículos cairão para 11 milhões de unidades em 2025. Ou seja, enquanto os elétricos dobrarão suas vendas entre 2022 e 2025, os veículos a combustão sofrerão uma redução de quase 4 milhões de unidades.

Em 2022, foram vendidos 148 milhões de carros com motores tradicionais na China.

China e a superprodução de elétricos

Especialistas ouvidos pelo Financial Times apontam que o governo chinês tem um objetivo claro: fazer com que os fabricantes nacionais atinjam um nível de produção que reduza os custos e os torne mais competitivos globalmente.

A produção já está tão alta que as montadoras praticamente precisam exportar para evitar um acúmulo excessivo de estoque. Esse cenário não é novo – no início de 2024, já havia sinais de superprodução, e a China rapidamente começou a direcionar esse excedente para a Europa.

Diante da concorrência de veículos elétricos chineses mais baratos e tecnologicamente avançados, a União Europeia impôs tarifas sobre esses produtos. De acordo com a Bloomberg, as novas tarifas já começaram a impactar a chegada de modelos chineses ao mercado europeu.

A MG, do grupo SAIC, foi a empresa mais afetada, enfrentando uma tarifa extra de 35%, além do imposto de 10% que já era aplicado anteriormente.

Mesmo assim, os carros elétricos chineses seguem crescendo na Europa. Em 2024, até agora, a SAIC vendeu 6% mais veículos do que no mesmo período do ano passado, totalizando 217.209 unidades, contra 204.972 em 2023.

Impacto no mercado e a reação das montadoras estrangeiras

Ainda resta ver como o crescimento das vendas de carros elétricos na China afetará tanto as marcas locais quanto as montadoras estrangeiras, incluindo fabricantes europeus, americanos e, especialmente, a Tesla. Segundo o Financial Times, a participação de mercado das montadoras estrangeiras cairá para 37%, atingindo um novo mínimo histórico. Desde 2020, essa participação já encolheu 64%.

Os consumidores chineses estão deixando de lado os fabricantes tradicionais, o que representa um grande problema para empresas alemãs como Volkswagen, Mercedes e BMW. Até então, esses carros eram vistos como sinônimo de qualidade e status, mas as mudanças no mercado alteraram as preferências dos clientes, que agora buscam veículos com novas experiências tecnológicas no interior.

Acelerando o ritmo: a vantagem das montadoras chinesas

Diferentemente do que tradicionalmente ocorria no setor automotivo, o lançamento constante de novos modelos e atualizações tem deixado os fabricantes tradicionais para trás.

O Financial Times destaca uma estimativa do HSBC, que prevê que 90 novos modelos serão lançados apenas no último trimestre de 2024, sendo 90% deles totalmente elétricos.

Esse ritmo frenético de lançamentos e atualizações também intensificou uma guerra de preços, na qual as montadoras europeias estão em desvantagem. Enquanto as fabricantes alemãs enfrentam dificuldades para reduzir os preços de seus modelos – tornando alguns deles pouco competitivos –, a BYD já anunciou que pretende cortar os preços de seus carros em 10% no próximo ano, otimizando sua cadeia de suprimentos para reduzir custos.

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