O Japão está fazendo tudo o que pode para mudar sua cultura de trabalho. O objetivo das autoridades é proporcionar melhores condições para seus funcionários, permitindo conciliar a vida pessoal e familiar e, assim, tentar melhorar as taxas de natalidade no país. De acordo com uma pesquisa recente, mais da metade dos funcionários em Tóquio já tem uma jornada de trabalho híbrida entre um e quatro dias de trabalho remoto.
Menor atendimento presencial
O cenário trabalhista em Tóquio está mudando significativamente após a pandemia. Segundo pesquisa do Nomura Research Institute (NRI) com 3.091 pessoas entre 20 e 69 anos, o percentual de funcionários que vão trabalhar três ou mais dias por semana é de 73,8%, enquanto a proporção de funcionários que vão ao escritório cinco dias por semana diminuiu em comparação aos dados pré-pandemia.
Os dados coletados em 2020 pelo estudo indicaram que 82,8% dos funcionários de grandes corporações em Tóquio iam ao escritório cinco dias por semana. Nos dados de julho de 2024, esse percentual foi reduzido para 47,4% e as previsões para este ano pelas empresas é de baixá-lo para 43,2%.
Jornadas de trabalho híbridas estão aumentando
O novo cenário desenhado pelos dados aponta para uma maior presença de jornadas híbridas de trabalho com entre um e quatro dias de trabalho presencial no escritório, mostrando uma maior flexibilidade da jornada.
A porcentagem de trabalhadores que vão ao escritório de três a quatro dias por semana aumentou de 22% em 2023 para 26,5% em 2024. Essa transição explica a queda daqueles que trabalham no escritório todos os dias. No entanto, os maiores aumentos estão entre os funcionários que vão ao escritório entre um e dois dias, passando de anedóticos 3,3% em 2020 para 11,4% em 2024.
Home-office está ganhando força
O trabalho remoto, entendido como a necessidade de ir ao escritório menos de um dia por semana, também registrou forte retomada. Após as oscilações sofridas entre 2022 e 2023, esse modelo se consolidou como o modelo de escolha de 14,8% dos funcionários de grandes corporações sediadas na capital japonesa. Em 2020, esse percentual era de apenas 7,5%.
No Brasil, à exceção de servidores públicos e trabalhadores domésticos, 8,3% das pessoas trabalham de casa, segundo dados do IBGE, O grupo, que era praticamente nulo entre 2012 e 2016, saltou aos poucos e a partir de 2022, em decorrência da pandemia, chegou a 8,5%. A queda para 2023, quando foram registrados os últimos números, deve-se também à pandemia. Com o fim, muitas empresas chamaram seus funcionários de volta para os escritórios.
Objetivo: reter os mais jovens
De acordo com o relatório do NRI, a mudança de modelo não só responde às preferências dos trabalhadores mais jovens, mas também revela um histórico de estratégia empresarial para atrair e reter esses talentos.
O relatório do Nomura Research Institute destaca que os modelos híbridos estão ganhando aceitação mesmo em setores tradicionalmente conservadores. A flexibilidade do trabalho permite que os funcionários evitem longos deslocamentos, uma melhoria crucial em uma cidade como Tóquio, onde o tempo médio diário de deslocamento ultrapassa 60 minutos.
Empresas querem mais produtividade
Não é novidade que longas horas são contraproducentes. Tanto que a Toyota culpa isso pelas falhas que ocorreram na fabricação de alguns de seus carros e, portanto, está estudando implementar a semana de trabalho de quatro dias entre seus funcionários.
De acordo com os dados globais dos diferentes ensaios para a redução de horas de trabalho, reduzir o número de horas de trabalho aumenta a produtividade, melhora o bem-estar dos funcionários e aumenta o consumo. A perda de competitividade e o aumento nas taxas de doenças mentais entre os japoneses estão forçando o governo japonês a tentar introduzir novos modelos para reduzir as horas de maratona de seus cidadãos.
Imagem | Unsplash (Nikolay Likomanov)
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