Tendências do dia

Sonic 3, do fiasco à glória: como uma franquia condenada acabou enfrentando a Disney nas bilheterias

Sonic toma a dianteira nas bilheterias. Quem diria isso em 2019?

Sonic 3 é um sucesso / Imagem: Paramount
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
victor-bianchin

Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Sonic 3 se consagrou como um dos reis indiscutíveis reis das bilheterias natalinas, deixando para trás o candidato a líder Mufasa. É notável a trajetória dessa franquia que, em apenas cinco anos, gerou três filmes, uma série e, claro, alguns videogames que continuam a tradição do personagem veloz. Parece incrível agora que se tenha pensado que o primeiro filme pudesse ser um fracasso.

Para começar, é preciso lembrar que Sonic parte de uma das inspirações menos prestigiadas da história do cinema: os videogames. Embora, com o tempo, filmes como Super Mario Bros. e Street Fighter tenham alcançado o status de cult, já houve uma época em que os games eram considerados inadaptáveis: filmes como Wing Commander, DOOM, Max Payne e Alone in the Dark consolidaram a “maldição das adaptações de games”.

Maldição essa que dois velhos rivais dos anos 90 destruíram: Sonic e Mario, com seus respectivos e extremamente bem-sucedidos novos filmes. E esses sucessos vieram acompanhados de outras adaptações notáveis, como Mortal Kombat, The Last of Us, Fallout e Arcane, entre muitas outras.

Miau?

Quando, em 30 de abril de 2019, a Paramount mostrou o primeiro trailer de seu filme Sonic the Hedgehog, os fãs não podiam acreditar no que estavam vendo. E, pela primeira vez, eles tinham razão, transformando o vídeo no YouTube em um dos que mais acumulou dislikes na plataforma. Os olhos e as proporções quase humanas, além dos dentes bizarros, transformaram esse Sonic em uma espécie de mutação distante do estilo cartoon dos jogos. Hollywood havia errado novamente. O diretor Jeff Fowler tuitou apenas dois dias após a esmagadora recepção negativa ao trailer: "Os fãs precisavam saber que estavam sendo ouvidos, e precisavam ouvir isso de mim. A mensagem foi alta e clara. Vocês não estão satisfeitos com o design e querem mudanças. Elas serão feitas".

Morte aos feios

O golpe de mestre, nesse caso, foi não perder tempo com dúvidas ou reuniões: o filme foi adiado apenas alguns meses, de novembro de 2019 para fevereiro de 2020. A ideia original de integrar de forma racional o ouriço alienígena do roteiro em um ambiente real foi descartada, optando-se pelo estilo mais cartunesco dos videogames. Fowler reconheceu que o time havia exagerado no realismo e a Paramount recorreu a um especialista: Tyson Hesse, ilustrador e animador que passou anos trabalhando no celebrado game retrô Sonic Mania. Ele contou com a consultoria do Sonic Team no Japão e daquele que foi, durante um tempo, o designer principal da saga, Takashi Iizuka.

Algumas ideias do "Sonic Feio" foram mantidas, como a separação dos olhos para facilitar a animação e a expressividade, em vez de adotar o "olho único" característico de Sonic nos videogames e séries animadas. O resultado, espetacularmente fiel ao Sonic dos jogos, foi um sucesso nas bilheterias. Um triunfo que nem mesmo a pandemia conseguiu deter: em plena quarentena, a Paramount anunciou Sonic the Hedgehog 2, que enfrentou com sucesso um desafio mais sério do que o redesenho: as múltiplas demissões que devastaram os estúdios de efeitos especiais e animação digital durante a pandemia.

O "Sonic Feio", como o design original acabou sendo conhecido, se transformou em um meme que a Paramount até usou como parte da promoção deste terceiro filme, sorteando suéteres horríveis do personagem. Uma manobra promocional desse tipo só é possível em uma franquia plenamente ciente de que ninguém pode desafiá-la, nem mesmo seu próprio passado. Você não verá nem a Marvel nem a DC zombando de fiascos como Eternos ou Flash nesses termos, mas Sonic pode. Esse é o nível de domínio que ele exerce sobre as bilheterias atualmente.

Imagem | Paramount

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

Inicio